De acordo com dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Ciência (IBGE), os números de divórcios no Brasil subiram 16,8% em relação às últimas pesquisas. Os dados revelaram também que o tempo médio de duração dos casamentos caiu de 15,9 anos para 13,6. Ainda segundo o IBGE, os índices de separação são maiores entre casais com filhos menores de idade, chegando ao número de 48,5%.
A separação dos pais pode ocasionar diversos impactos na saúde mental de crianças e jovens. Entretanto, os efeitos podem mudar de acordo com cada pessoa, visto que os indivíduos são únicos e reagem de forma diferente às situações. Questões como personalidade, idade, ambiente familiar e a maneira como a separação foi conduzida podem interferir, positiva ou negativamente, na reação de crianças e adolescentes.
Mudança na dinâmica familiar
O fim do casamento, para os filhos, representa uma ruptura da família e uma
mudança na dinâmica
entre os entes queridos. “A separação dos pais pode causar alguns impactos negativos à saúde mental de crianças e adolescentes, desde tristeza e angústia a adoecimento físico e emocional”, explica o psicólogo especialista em relacionamentos, André Carneiro.
O especialista lista cinco impactos emocionais mais recorrentes em crianças e adolescentes antes, durante e após o processo de separação dos pais:
1. Raiva e ressentimento
Por imaturidade emocional, comum da idade, crianças e adolescentes podem ficar ressentidos com os pais e até mesmo desenvolver sentimento de raiva pelos genitores. “Na maioria dos casos, esses sentimentos podem ser manifestados por meio de
comportamentos agressivos
e atitudes desafiadoras”, esclarece o psicólogo.
2. Sentimento de culpa
A responsabilidade pelo sucesso ou fracasso de um relacionamento sempre deve ser dada ao casal. Entretanto, muitas crianças e jovens culpam-se pelo fim do casamento dos pais. “Mesmo de forma
inconsciente,
os filhos culpam-se pela separação dos pais. E questionam-se sobre seus próprios comportamentos para avaliar o que fizeram de errado para levar os pais a se separar”, afirma o psicólogo.
3. Baixa autoestima
O fim do casamento dos pais pode afetar também a autoestima dos filhos, que passam, muitas vezes, a não confiar mais em
seus potenciais.
“Após o divórcio dos pais, é comum que crianças e jovens passem a questionar seu valor e até mesmo sua importância na vida do pai e da mãe. Muitos chegam a pensar que a separação dos pais interfere no amor que os mesmos sentem por eles”, afirma o psicólogo André Carneiro.
4. Baixo rendimento escolar
Não é raro que, após o divórcio dos pais, que o rendimento escolar dos filhos seja afetado. De acordo com o psicólogo, o estresse e o abalo emocional interferem diretamente na concentração e na interação social com colegas. Consequentemente,
o rendimento
escolar é prejudicado.
5. Dificuldade em relacionamentos
Após a separação dos pais, é comum que muitos filhos desenvolvam dificuldades de confiar em outras pessoas, pois temem novas perdas e rupturas. “Assim, muitas crianças e jovens filhos de pais separados costumam ter dificuldade em estabelecer
vínculos afetivos
“, esclarece o psicólogo André Carneiro.