Apesar de ser muito comum e muitas vezes passarem despercebidas pelos pais, a frase “Ouvi, mas não entendi” pode indicar problemas de audição, principalmente quando se trata de crianças. O médico otorrinolaringologista Bruno Borges de Carvalho Barros, da capital paulista, alerta que essas pequenas dificuldades podem ter um impacto significativo no desenvolvimento das habilidades linguísticas e cognitivas dos pequenos.
“A audição é o principal meio para a comunicação e para a aquisição da linguagem verbal. No entanto, podemos não ter nenhum grau de
perda auditiva
e mesmo assim apresentar problemas relacionados ao processamento dos sons. O Processamento Auditivo Central (PAC) é a forma como o cérebro reconhece, interpreta e organiza a informação auditiva que ouvimos”, explica o médico.
Importância do PAC para a audição
Quando escutamos algo, esse estímulo sonoro percorre um longo caminho desde a orelha até o córtex cerebral. Cada região é responsável por diferentes habilidades auditivas, e para que todo esse caminho seja percorrido sem desvios, as partes ou estruturas envolvidas devem estar perfeitas.
Qualquer desordem do PAC pode resultar em prejuízos e privação tanto de experiência com o meio externo quanto de aprendizagem – no caso das crianças. O PAC pode ser avaliado por exames realizados por fonoaudiólogas e, se forem identificadas alterações, iniciada terapia individualizada para as mesmas.
Audição e desenvolvimento infantil
O Dr. Bruno Borges conta que a
aprendizagem
auditiva se inicia com o reconhecimento, localização e discriminação de sons e se desenvolve tornando-se base da palavra falada e escrita. “A estimulação feita desde os primeiros anos de vida aprimora este processo e qualquer sinal de falta de audição dever ser investigado”, alerta o especialista.
Sinais de problemas auditivos
O médico
otorrinolaringologista
Dr. Bruno Borges lista alguns sinais de quando vale a pena buscar uma avaliação especializada:
- Dificuldade de atenção;
- Dificuldade de compreender na presença de mensagem competitiva ou ruído;
- Dificuldade para lembrar o que foi dito ou parece ter problemas de memória;
- Dificuldade para localizar de onde vem o som;
- Dificuldades escolares;
- Dificuldade em seguir uma sequência de tarefas que lhe foi falada;
- Dificuldade em entender piadas ou duplo sentido.
“Para esta avaliação é preciso fazer testes médicos e fonoaudiológicos e os resultados podem fornecer informações sobre a integridade do sistema e sobre as capacidades funcionais de uma criança, assim como sugerir noções e direcionamentos sobre o desempenho educacional, sucesso comunicativo e bem-estar psicossocial”, explica o médico.
Além disso, ainda segundo o Dr. Bruno Borges, para casos em que haja necessidade de uso de aparelhos auditivos “é importante quebrar os preconceitos e investir em algo tão necessário que pode salvar a audição, o aprendizado das crianças e a qualidade de vida adulta”.
Por Mayra Barreto Cinel