Da Redação Avance News
Em movimento nacional de mobilização, servidores técnicos e professores da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT e do Instituto Federal de Mato Grosso – IFMT realizaram atividades para o “Dia Nacional de Luta pela Educação Federal”, na tarde desta segunda-feira (03), em Barra do Garças. As manifestações aconteceram em diversas cidades de todo o Brasil.
Os servidores públicos federais pedem reajuste salarial, adequação do plano de carreira e recomposição do orçamento neste ano. Entretanto, mesmo após diversas reuniões entre as entidades sindicais e o Ministério de Gestão e Integração – MGI, não foi assinado um acordo.
Em Barra do Garças, cerca de 40 pessoas, entre professores e técnicos, se reuniram na praça Sebastião Júnior, no centro da cidade. Motoristas que passavam pelo local mostravam seu apoio ao movimento com buzinas e gestos.
O coordenador geral da subseção Araguaia da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso – ADUFMAT, Robson Lopes, explicou que as reivindicações vão além de questões salariais.
“Na realidade, não é uma greve só dos docentes. É uma greve dos servidores públicos da educação. Estamos docentes da UFMT e do IFMT e técnicos dessas duas instituições também, por reajuste salarial e claro que isso impacta na melhoria da educação como um todo”, declarou Robson.
O docente também conta que a questão salarial atrapalha a contratação de novos profissionais para ministrar aulas. Segundo ele, diversos egressos do curso optam por trabalhar home office para empresas estrangeiras, com melhores remunerações.
“Um aluno meu hoje só com a graduação, com no máximo cinco anos, ele está ganhando mais que um professor doutor em uma universidade. Qual o incentivo que uma pessoa com doutorado na área da computação, hoje, tem para se tornar professor universitário? Nenhum”, afirmou o professor.
Os Técnicos Administrativos da Educação – TAEs pedem reajuste do plano de carreira da classe, o qual, segundo eles, está defasado há anos e prejudica a permanência dos servidores dentro das instituições.
Para Saulo Cardoso, técnico médico veterinário do IFMT de Barra do Garças e membro do Comando Local de Greve, a soma dos 75% de defasagem salarial, é em média R$ 5.000,00. Para o veterinário, é essencial o apoio da população pressionando o governo. Ele também acredita que com as negociações a greve acabe em cerca de 30 dias.
Estudantes descontentes com a greve
Desde a última grande greve federal em 2015, a forma de comunicação entre as pessoas de diferentes estados do Brasil evoluiu muito e em 2024 nasceu um movimento de estudantes de universidades e institutos federais, articulando e mobilizando outros estudantes através de vídeos no instagram e TikTok contra a greve.
O professor de jornalismo da UFMT, Antônio Sebastião Silva explica que o movimento dos estudantes é legítimo.
“A UFMT, por exemplo, há muito tempo não tem um calendário ajustado, isso causa problemas, a gente sabe disso. Os estudantes estão no direito deles de observar a sua condição de estudante, a necessidade de terminar um curso e ir para o mercado de trabalho”, contou o docente.
Ele ainda afirmou que, entretanto, “a universidade não se resolve de 4 em 4 anos” e que as pessoas precisam pensar estratégias para manter o funcionamento das universidades de forma pública, gratuita e de qualidade. “O estudante chega lá hoje, daqui a 4 ou 5 anos ele sai, mas a universidade fica. Ela precisa ser reajustada e os protagonistas disso são os professores”, disse.