O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez duras críticas à falta de diálogo em Brasília, destacando que o governo tem que se defender constantemente de iniciativas legislativas. As declarações foram feitas durante um evento do Instituto Conhecimento Liberta (ICL) em São Paulo, neste sábado (15). Haddad afirmou que a capital federal é um ambiente hostil, onde o governo está sempre na defensiva. Quando vamos para Brasília, não dialogamos com o serviço público propriamente dito. Vamos nos defender. A todo momento você fica apreensivo. Que lei vão aprovar? O que vamos fazer? Que maluquice é essa? Por que não se dedicam a coisas sérias, desabafou. O Brasil é uma encrenca, um negócio difícil de se administrar.
Recentemente, o governo Lula enfrentou diversas derrotas no Congresso. Na quarta-feira (12), foi aprovado um requerimento de urgência para a votação da PL do Aborto, que equipara a interrupção da gravidez até 22 meses ao crime de homicídio. Além disso, o veto de Lula a um trecho da lei que acaba com as saídas temporárias de presos foi derrubado. A rejeição de uma medida provisória que buscava diminuir créditos fiscais, elevando impostos para compensar a desoneração de 17 setores econômicos, também prejudicou os planos de ajuste fiscal do governo. Com a derrota da medida provisória, Haddad anunciou que o governo agora está focado em alternativas para cortar gastos. Entre as medidas em estudo estão a revisão de benefícios previdenciários e a flexibilização das despesas mínimas com saúde e educação.
Haddad também tem enfrentado pressão dentro do PT e críticas do mercado financeiro. Apesar disso, recebeu apoio do presidente Lula e de líderes do governo no Congresso, que afirmaram que ele permanece firme no cargo. Em viagem à Europa, Lula reforçou seu apoio a Haddad, afirmando que ele jamais ficará enfraquecido enquanto estiver na Presidência. As recentes turbulências políticas e fiscais aumentaram a percepção de risco no Brasil, refletindo-se na alta do dólar, que superou os R$ 5,40 na última semana.
Em meio às dificuldades, Haddad destacou a importância de o Brasil aproveitar o momento para se posicionar como líder em investimentos verdes. Ele ressaltou a necessidade de tornar a produção mais sustentável para competir internacionalmente, especialmente diante das barreiras protecionistas que países desenvolvidos podem impor. O Brasil pode liderar processos muito significativos se conseguir tornar sua produção mais sustentável. Estamos recuperando pastos degradados para produzir carne e soja? Estamos usando biofertilizantes e biodefensivos? Essas são as perguntas que o mundo está fazendo, afirmou.
Publicado por Felipe Cerqueira