O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou, nesta quinta-feira (20), a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de manter a taxa básica de juros (taxa Selic) em 10,5%
. O mandatário voltou a questionar a autonomia do órgão e disse que a medida foi “uma pena”.
“Quem está perdendo com isso é o Brasil, é o povo brasileiro”, disse o mandatário em entrevista à Rádio Verdinha, do Ceará.
“Foi uma pena que o Copom manteve, porque quem está perdendo com isso é o Brasil, é o povo brasileiro. Porque quanto mais a gente pagar de juros, menos dinheiro a gente tem para investir aqui dentro. Isso tem que ser tratado como gasto”, afirmou o mandatário.
A manutenção da Selic foi decidida por unanimidade no colegiado na noite desta quarta-feira (19). Com isso, interrompeu-se a sequência de sete cortes consecutivos no índice, uma medida reprovada por Lula, que voltou a criticar a autonomia do órgão.
“Eu fui presidente [durante] 8 anos. O presidente da República nunca se mete nas decisões do Copom e do Banco Central. O [Henrique] Meirelles tinha autonomia comigo tanto quanto tem esse rapaz de hoje. Só que hoje o Meirelles era uma pessoa que eu tinha o poder de tirar, como o Fernando Henrique Cardoso tirou tantos, como outros presidentes tiraram tantos. Aí resolveram entender que era importante colocar alguém, que tivesse um Banco Central independente, que tivesse autonomia. Ora, autonomia de quem? Autonomia para servir quem? Autonomia para atender quem?”, afirmou.
“A decisão do Banco Central foi investir no sistema financeiro, foi investir nos especuladores que ganham dinheiro com juros”, concluiu Lula.
Campos Neto “trabalha para prejudicar o país”, diz Lula
A reação negativa do presidente já era esperada. Na terça-feira (18), ele criticou diretamente o presidente do BC, Roberto Campos Neto
, a quem acusou de ter um lado político e trabalhar para prejudicar o país.
“O presidente do Banco Central, que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar o país”, afirmou Lula.
Além disso, o mandatário afirmou que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem mais influência no Banco Central do que ele.
“[Tarcísio] Tem mais influência] que eu. Não é que ele encontrou com Tarcísio numa festa. A festa foi para ele, foi homenagem do governo de São Paulo para ele, certamente porque o governador de São Paulo está achando maravilhoso a taxa de juros de 10,5%”, disse Lula.
Haddad: “confiança nas pessoas indicadas”
Ao contrário do presidente Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adotou uma postura mais moderada em relação à decisão do BC.
Para o ministro, a manutenção da taxa de juros em 10,5% não vai impactar o crescimento econômico do país. Ele adicionou que tem “confiança nas pessoas indicadas”.
“Eu tenho confiança nas pessoas indicadas. Eu acho que nós vamos seguir o rumo forte da economia. A economia vai crescer, vai gerar emprego, nós estamos no caminho certo”, disse o ministro na cerimônia de premiação do Faz Diferença, do jornal O GLOBO, no Rio, em que ele foi reconhecido como a personalidade da Economia em 2023.
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