Em 26 de junho, Dia Nacional do Diabetes, os médicos reforçam a importância da conscientização sobre as complicações que essa doença pode causar. O Brasil tem aproximadamente 20 milhões de diabéticos, conforme o Censo 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre as complicações decorrentes da doença está o pé diabético, uma condição particularmente preocupante. Conforme a Sociedade Brasileira de Diabetes, aproximadamente entre 15 e 25% das pessoas com diabetes desenvolverão problemas nos membros inferiores em algum momento da vida. Os distúrbios incluem neuropatia periférica (danos nos nervos), má circulação sanguínea e um risco aumentado de infecções.
Sintomas do pé diabético
Sintomas como formigamento,
dormência
, sensação de queimação e dor podem evoluir para completa perda de sensibilidade ao longo do tempo. Além disso, são frequentes mudanças na cor da pele, temperatura, infecções fúngicas, calosidades e feridas que cicatrizam lentamente, necessitando de atenção precoce para prevenir consequências severas.
Fatores de risco do pé diabético
O cirurgião vascular e membro do Departamento de Acessos Vasculares da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), Dr. Guilherme Yazbek, enfatiza que o controle inadequado do diabetes representa o principal fator de risco para complicações.
“Também se destacam outros elementos que podem agravar o quadro circulatório, como a hipertensão arterial, o colesterol elevado e o tabagismo. O uso de calçados inapropriados é ainda apontado como um facilitador para o desenvolvimento de feridas em indivíduos com alterações de sensibilidade, especialmente aqueles com histórico prévio de úlceras ou amputações”, diz o médico.
Cuidados importantes com os pés
O
diagnóstico precoce
permite intervenções mais rápidas e eficazes, prevenindo complicações graves, promovendo a cicatrização adequada e melhorando a qualidade de vida ao evitar dores crônicas e principalmente as amputações.
O Dr. Guilherme Yazbek ressalta que manter uma boa higiene e cuidados regulares com os pés são fundamentais para pessoas diabéticas, visando prevenir infecções, identificar precocemente quaisquer alterações e conservar a pele hidratada e saudável. Além disso, examinar os pés diariamente é essencial para detectar cortes, calosidades, bolhas e mudanças na pele.
Ademais, lavar os pés com água morna e sabonete, secá-los por completo entre os dedos, e aplicar talcos antimicóticos para impedir frieiras são práticas recomendadas. O uso de cremes hidratantes, nos calcanhares, ajuda a prevenir fissuras e a reduzir a coceira causada pela pele ressecada.
Cortar as unhas
de maneira adequada, sem retirar os cantos e procurar não andar descalço para prevenir ferimentos são precauções adicionais importantes. Usar meias adequadas e verificar os sapatos internamente antes de calçá-los também são medidas preventivas essenciais para lesões inadvertidas nos pés.
Atenção com a alimentação e cuidado multidisciplinar
Uma dieta equilibrada e o controle rigoroso da
glicemia
ajudam a prevenir danos aos nervos e vasos sanguíneos, reduzindo o risco de complicações nos pés. Manter níveis de glicose dentro dos limites recomendados é fundamental para a saúde vascular.
Segundo o especialista, vários estudos demonstraram que a implementação de programas multidisciplinares de cuidados com os pés em pacientes diabéticos (podólogo, enfermeiro, técnico em gesso, dermatologista, cirurgião vascular, ortopedista, educador, sob a liderança do clínico endocrinologista) reduziu significativamente a incidência de úlceras e amputações, destacando a importância da educação e da rotina de cuidados preventivos. “Não negligencie seus pés. Eles são fundamentais para sua mobilidade e qualidade de vida”, finaliza o médico.
Por Elenice Costola