O Ministério da Saúde confirmou, nesta quinta-feira (25), o registro de duas mortes por febre oropouche no Brasil. Este é o primeiro relato de óbitos relacionados a essa doença na literatura científica mundial. Uma terceira morte está sob investigação.
Os casos confirmados envolvem mulheres jovens, sem comorbidades, e com menos de 30 anos. Ambas apresentaram sintomas semelhantes aos de dengue grave. A morte em investigação ocorreu em Santa Catarina, mas a infecção inicial foi identificada no Paraná. No Maranhão, um quarto óbito foi descartado.
A Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual da Saúde (Dive) de Santa Catarina apoia a investigação e afirmou que o registro foi feito em abril. Segundo a Dive, o local provável da transmissão foi em Santa Catarina, com o paciente tendo registrado uma viagem ao estado.
A Secretaria Estadual de Saúde do Paraná (SES-PR) revelou que a vítima era um homem de 59 anos, residente em Apucarana.
Além dos óbitos, foram identificados seis casos de transmissão vertical (quando a infecção é transmitida da mãe para o bebê), resultando em mortes de crianças em Pernambuco, Bahia e Acre. Também houve um registro de aborto espontâneo e três casos com anomalias congênitas, incluindo microcefalia.
O Brasil já registrou 7.236 casos de febre oropouche este ano, marcando um aumento de 766,6% em relação a 2023. A febre oropouche, causada pelo vírus OROV e transmitida por mosquitos, apresenta sintomas semelhantes aos da dengue.
“A febre oropouche apresentou sintomas como febre, cefaleia, dor retroorbital, mialgia, náuseas, vômitos, diarreia e dores em membros inferiores. Os casos graves evoluíram para manchas vermelhas e roxas pelo corpo, sangramentos e queda abrupta de hemoglobina e plaquetas”, informou a Secretaria da Saúde da Bahia (SES-BA).
O que é a febre oropouche?
A febre oropouche é causada pelo vírus orthobunyavirus oropoucheense. A principal forma de transmissão é pelo mosquito-pólvora, embora outros mosquitos também possam transmitir o vírus. O vírus permanece no sangue do mosquito por alguns dias após a picada e pode ser transmitido a uma nova vítima saudável.
Os sintomas incluem dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia, similares aos da dengue e chikungunya. O diagnóstico é feito por exames laboratoriais e todos os resultados positivos devem ser notificados às autoridades.
Detectado pela primeira vez no Brasil em 1960, durante a construção da rodovia Belém-Brasília, o vírus foi inicialmente encontrado em um bicho-preguiça. Desde então, ocorreram casos isolados e surtos localizados, principalmente na região amazônica. Em 2024, a febre oropouche tem registrado uma alta significativa, similar ao aumento observado com a dengue.
“A ampliação da detecção de casos para todo o país em 2023, após a disponibilização de testes diagnósticos pela primeira vez, permitiu identificar casos fora da região Norte, ampliando o alcance da doença”, afirmou o Ministério da Saúde.
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