As hepatites virais são doenças inflamatórias que afetam o fígado e podem ser causadas por diferentes tipos de vírus, sendo os mais comuns os vírus da hepatite A, B, C, D e E. Cada tipo de hepatite viral possui características específicas, modos de transmissão distintos e impactos variados na saúde.
A hepatite A é causada pelo vírus HAV e é frequentemente transmitida por meio de alimentos e água contaminados. A infecção geralmente ocorre em áreas com saneamento básico inadequado.
A hepatite A não costuma evoluir para uma forma crônica, mas pode causar sintomas agudos como febre, cansaço, náuseas, dor abdominal e icterícia (amarelamento da pele e dos olhos). A vacinação é uma forma eficaz de prevenção.
“Os sintomas podem ser bastante variados, a depender do tipo e do grau de gravidade. Há casos em que os pacientes não apresentam sintomas, o que é comum nas fases iniciais da hepatite C. Por outro lado, há situações em que os indivíduos podem ter febre, perda de apetite, icterícia, náuseas, vômitos e fezes claras”, explica a Dra. Lilian Branco, infectologista do CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”.
A hepatite B, causada pelo vírus HBV, é uma das formas mais preocupantes de hepatite viral. É transmitida principalmente pelo contato com sangue contaminado, como em transfusões de sangue sem testes adequados, compartilhamento de agulhas, ou por meio de relações sexuais desprotegidas.
A transmissão de mãe para filho durante o parto também é uma forma comum de infecção. A hepatite B pode ser aguda ou crônica.
A forma crônica pode levar a complicações graves como cirrose, insuficiência hepática e câncer de fígado. Existe uma vacina eficaz que pode prevenir a infecção pelo HBV.
A hepatite C, causada pelo vírus HCV, é predominantemente transmitida pelo contato com sangue contaminado. Antes de 1992, quando o teste para o HCV foi implementado em larga escala, muitas pessoas foram infectadas por meio de transfusões de sangue.
Hoje, a transmissão ocorre mais frequentemente pelo compartilhamento de agulhas entre usuários de drogas injetáveis. A hepatite C frequentemente se torna crônica, e muitos dos infectados permanecem assintomáticos por anos, o que dificulta o diagnóstico precoce.
Se não tratada, pode levar a cirrose e câncer de fígado. Apesar de não haver vacina, os tratamentos antivirais modernos são altamente eficazes e podem curar a infecção em muitos casos.
A hepatite D, ou delta, é causada pelo vírus HDV, que só pode infectar pessoas que já têm hepatite B, pois necessita do HBV para se replicar. A co-infecção por HBV e HDV pode levar a formas mais graves de doença hepática. A prevenção da hepatite B através da vacinação também previne a infecção pelo HDV.
A hepatite E, causada pelo vírus HEV, é transmitida principalmente pela ingestão de água contaminada. A infecção é geralmente aguda e autolimitada, mas pode ser grave em mulheres grávidas, levando a uma alta taxa de mortalidade materna.
A melhoria das condições sanitárias e a conscientização sobre práticas de higiene são fundamentais para prevenir a hepatite E.
Um dos maiores desafios na luta contra as hepatites virais é sua natureza silenciosa. Muitas pessoas infectadas, especialmente com as hepatites B e C, podem não apresentar sintomas durante muitos anos. Isso resulta em um diagnóstico tardio, quando a doença já pode ter causado danos significativos ao fígado.
Prevenção e educação
A detecção precoce é importante para iniciar o tratamento e evitar complicações graves. Campanhas de conscientização e programas de rastreamento são essenciais para identificar casos não diagnosticados e reduzir a transmissão.
A prevenção é uma das estratégias mais eficazes para combater as hepatites virais. A vacinação é uma ferramenta fundamental na prevenção das hepatites A e B. Para a hepatite C, medidas de redução de danos, como o uso de agulhas descartáveis e a testagem rigorosa de sangue, são essenciais.
Além disso, a educação sobre práticas sexuais seguras e a redução do compartilhamento de itens pessoais que possam estar contaminados com sangue são medidas importantes.
O tratamento das hepatites virais tem avançado, especialmente para a hepatite C. Com a introdução de antivirais de ação direta, a cura para a hepatite C tornou-se uma realidade para muitos pacientes.
Para a hepatite B, o tratamento pode controlar a replicação viral e reduzir o risco de complicações, embora não elimine completamente o vírus.
“Temos vacinas disponíveis para prevenir os tipos A e B, que fazem parte do calendário vacinal brasileiro. É importante destacar que ao se vacinar contra a Hepatite B, também estamos nos protegendo contra a Hepatite D, pois sua manifestação depende da presença do vírus da Hepatite B no organismo”, concluiu.
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