sexta-feira, 15 novembro 2024
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Incêndios reduzem a qualidade do solo e aumentam os custos de produção

Da Redação Avance News

Na última semana, vários focos de incêndio foram registrados no estado de São Paulo. Muitos atingiram grandes proporções, causando morte de animais, perda de culturas agrícolas e prejuízos com infraestruturas rurais e urbanas.

Além do impacto econômico, social e ambiental, as queimadas afetam as propriedades físicas, químicas e biológicas dos solos. Grandes quantidades de carbono, nitrogênio, potássio e enxofre são perdidas para a atmosfera por volatilização durante a combustão.

De acordo com o pesquisador Alberto Bernardi, da Embrapa Pecuária Sudeste, especialista em solos, em longo prazo, essa alteração no solo causada pelo fogo tem consequências na biodiversidade e na manutenção de processos ecossistêmicos. 

Incêndios comprometem a produtividade

Pesquisas indicam que o fogo compromete a qualidade do solo e a produtividade no decorrer do tempo.

“A queima da cobertura vegetal deixa a área descoberta, levando a maior absorção da radiação solar, com ampliação da temperatura e do ressecamento ao longo do dia. Porém, à noite, ocorre a perda de calor pela exposição, elevando assim a amplitude das variações térmicas diárias”, afirma Bernardi.

Segundo ele, essas oscilações prejudicam a absorção de nutrientes e a biologia do solo. Outro problema é a erosão, pela ação do vento e o impacto da chuva, que leva à compactação ou selamento superficial. “O resultado é a menor infiltração de água e aumento do escoamento superficial”.

Recuperação do solo 

vegetação
Renovação natural da vegetação pós-incêndio tem efeito apenas temporário. Foto: Canal Rural MT

A recuperação do solo pode levar cerca de três anos, com custos elevados para os produtores, que precisam investir no fornecimento de nutrientes para restaurar a área afetada.

A renovação da vegetação logo após a queimada pode deixar uma impressão positiva, no entanto, o efeito é apenas temporário.

Essa brotação de novas plantas ocorre porque as cinzas são compostas por grande quantidade de nutrientes (cálcio, magnésio e potássio, principalmente) estocados na fitomassa e liberados na superfície do solo com o fogo.

As cinzas são alcalinas, ou seja, neutralizam a acidez superficial e favorecem o crescimento de plantas. Mas parte das cinzas será levada para fora do local de queima, seja pela ação do vento ou do escoamento superficial pela chuva.

Contudo, em longo prazo, o estoque de carbono do solo é perdido, porque a baixa disponibilidade de nutrientes levará a maior mineralização da matéria orgânica armazenada.

“Então, vários processos são prejudicados pela perda dessa matéria orgânica, entre eles a capacidade de troca catiônica (CTC), estabilidade dos agregados, porosidade, infiltração de água, atividade e diversidade de micro, meso e macrofauna do solo”, conta o especialista.

Para o pesquisador, um solo de qualidade, exercendo todas suas funções, auxilia no alcance de vários Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), tais como os relacionados à redução da fome (ODS 2) e à pobreza extrema (ODS 1 e 3), melhoria da proteção do meio ambiente (ODS 6, 11, 12, 14 e 15) e do combate às mudanças climáticas (ODS 13).


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Fonte: Canal Rural

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