Da Redação Avance News
Com a proximidade da semeadura do arroz, produtores do Rio Grande do Sul ainda enfrentam dificuldades com as áreas afetadas pelas enchentes de maio. Muito entulho e excesso de umidade podem impactar o começo da safra no estado, maior produtor do cereal no país.
O período ideal de plantio é de 15 de setembro a 20 de outubro. Contudo, a cultura precisa de luminosidade para produzir de forma satisfatória e esse auge deve acontecer apenas nos meses de maior incidência solar, como janeiro.
Assim, os trabalhos em campo do ciclo 2024/25 começaram de forma tímida em território gaúcho.
“Deixei 35 hectares por colher. Ficou entre 5 a 6 mil sacas de arroz no silo molhado, vários dias sem energia. Ajeitamos gerador para seguir em frente, senão ia perder o restante”, diz o produtor Alexandre Peserico.
Marcas das enchentes na região central
Pouco mais de quatro meses após a enchente, as marcas dela ainda estão bastante vivas em Agudo, região central do Rio Grande do Sul. Uma ponte seca que ligava o município a outros da quarta colônia foi embora com a força do rio. Quando a água baixou, deixou um cenário de destruição nas lavouras de arroz da região.
Agora, as máquinas trabalham para limpar áreas e valetas de irrigação e, assim, nivelar as quadras novamente. Produtores relatam que parte das lavouras também está assoreada. A região central é uma das mais importantes na produção do cereal.
O produtor Alexandre calculou dois milhões de reais em perdas e não sabe como manter as lavouras. “Eu tenho que manter a mesma área porque as contas estão chegando, então não posso diminuir. Teria até que aumentar [a área] para ver se consigo pagar as contas. O maior desafio desse ano será o preparo do solo, as bombas de irrigação e vários fatores, como a parte elétrica que tem que refazer e a manutenção das bombas.
Área de arroz na safra 24/25
O Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) estima a área destinada ao arroz para a safra 2024/25 em 948 mil hectares, alta de 5% em comparação com a temporada passada.
Isso ocorre porque muitos produtores devem optar novamente pelo arroz ao invés da soja na várzea, visto que a oleaginosa sofreu grandes perdas nessas regiões.
O presidente da Federraroz, Alexandre Velho, afirma que muitas áreas estão com problemas de erosão. “Tem algumas áreas que o produtor vai ter dificuldade em plantar nessa safra. Até me surpreende um pouco esse número do Irga de aumento na região central porque, se isso se confirmar, teremos a substituição dessas áreas por outras”.