João Aguiar | RDNews
O delegado da Polícia Federal, Murilo de Oliveira Freitas, acredita que novas vítimas possam aparecer após a deflagração da Operação Kalasiris nesta quarta-feira (18). A ação apura um esquema criminoso no órgão responsável pela gestão da Saúde Indígena, o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) em Barra do Garças (MT).
Além disso, também é apurado crimes sexuais, já que enfermeiras contratadas eram obrigadas a enviar fotos íntimas, em notório quadro de assédio sexual por parte dos responsáveis pela contratação.
“Nós temos como propósito a desarticulação dessa associação, bem como o encorajamento de que novas vítimas procurem a Polícia Federal e tragam novos elementos para que nós possamos prosseguir com essa investigação”, destaca o delegado.
Conforme Murilo, novas pessoas que eram contratadas no Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Xavante, eram obrigadas a pagar valores em dinheiro para conseguirem as vagas. Além de altos valores, como condição para manutenção de contratos, estendia-se à solicitação de imagens íntimas das enfermeiras contratadas.
O constrangimento com conotação sexual (chantagem) no ambiente de trabalho da saúde indígena, como condição para que enfermeiras não fossem demitidas ou tivessem demissões revertidas, criava um ambiente de trabalho humilhante, tendo feito com que diversas vítimas procurassem a Polícia Federal com medo de retaliações ou perseguições.
Além disso, as diligências apontaram que as contratadas que não se submetiam aos pagamentos e cumprimento das ordens ilegais passavam a sofrer contínuas retaliações e remanejamentos de área, ou mesmo eram demitidas com base em “avaliações de desempenho negativas”, produzidas sem fundamentação legítima.
Dentre as ordens ilegais dirigidas às vítimas pode-se citar, por exemplo, determinação de criação de falso censo populacional indígena, com o fim de solicitar novas vagas para contratação.
A Operação Kalasiris faz alusão às vestimentas femininas utilizadas na antiguidade, geralmente transparentes e presas pelos ombros, que deixavam os seios aparentes. No contexto da operação, refere-se à exigência de fotos íntimas das enfermeiras contratadas como uma das condições de permanência em suas funções junto à saúde indígena.