Da Redação Avance News
Conforme noticiado pelo Olhar Digital, um objeto celeste foi identificado e reportado ao Minor Planet Center (MPC) no fim do mês passado como um possível cometa. Estimativas sugeriam que ele poderia se tornar o mais brilhante do século – no entanto, é provável que isso não aconteça, já que ele parece estar se desintegrando.
Segundo a Rede de Astronomia Observacional (REA), a órbita preliminar indicava que o objeto, inicialmente denominado “A11bP7I” seria um cometa rasante do grupo Kreutz, conhecido como “arranhassol” (tradução literal para o termo sungrazer, em inglês). Essa classificação se refere a cometas que passam muito próximos do Sol, com a possibilidade de se tornarem brilhantes o suficiente para serem vistos a olho nu.
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Logo após a descoberta do corpo celeste pelo Sistema de Alerta de Impacto de Asteroides (ATLAS), da NASA, observações seguintes puderam confirmar que esse objeto muito fraco, de magnitude 15 (quase quatro mil vezes mais fraco do que a estrela mais fraca que pode ser percebida pelo olho humano), era de fato um cometa rasante Kreutz. Com essa confirmação, ele ganhou uma nomenclatura definitiva: ATLAS (C/2024 S1).
De acordo com a plataforma de observação espacial EarthSky.org, as previsões iniciais diziam que ele poderia atingir uma magnitude de -5 a -9.1 ao chegar mais perto do Sol, se tornando mais luminoso que o planeta mais brilhante, Vênus, e sendo visível até mesmo no céu diurno.
Nesse cenário, ele poderia tirar do cometa McNaught, que passou em 2007, com magnitude de -5.5, o título de “Cometa do Século”. Outro que parece ainda estar no páreo é o C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS), do qual o Olhar Digital tem falado com frequência.
Ocorre que as últimas capturas do Banco de Dados de Observação de Cometas (COBS) apontam que esse cometa tem demonstrado uma evolução muito lenta em seu brilho enquanto se aproxima do Sol.
As análises indicam que a magnitude do objeto atualmente é de apenas 12 ou 13, o que representa um brilho ainda bastante fraco. Alguns observadores propuseram que ele teria enfraquecido ligeiramente nos últimos dias porque seu núcleo pode ter se dividido em dois fragmentos. Essa separação foi aparentemente confirmada na quarta-feira (9) pelo The Astronomer’s Telegram.
Em um grupo dedicado à observação de cometas no Facebook, John E. Bortle, um renomado astrônomo amador norte-americano, que já estudou mais de 300 cometas ao longo da vida, revelou que não vê um bom futuro para o objeto. “Este último cometa da família Kreutz não tem chance real de sobreviver”.
Bortle relata que, cerca de 30 anos atrás, fez uma análise do comportamento fotométrico de todos os membros do grupo Kreutz então conhecidos, vistos de 1843 até a década de 1980. “Nesse estudo, determinei que o grande cometa de 1965 (Ikeya-Seki) era na verdade o membro intrinsecamente mais fraco da família sobrevivente do grupo Kreutz nos últimos 150 anos. Aqueles apenas um pouco mais fracos do que isso essencialmente não sobrevivem intactos à sua aproximação mais próxima do Sol (periélio). Esse foi o caso do Grande Cometa de 1887 e do mais recente Cometa Lovejoy de 2011, sobrevivendo apenas como remanescentes da cauda no que diz respeito aos observadores terrestres. A maioria dos membros ainda mais fracos simplesmente desaparece completamente poucas horas após sua passagem mais próxima do Sol”.
Alguns sites especializados sugeriram que o cometa poderia se tornar “extremamente brilhante” durante a semana do Halloween (31 de outubro). No entanto, com base nas informações disponíveis, isso parece improvável.
Na verdade, há uma grande possibilidade de que, ao atingir seu ponto mais próximo do Sol no dia 28, o intenso calor e as forças gravitacionais da estrela causem a fragmentação completa, desintegração ou dissolução do núcleo do cometa. Isso pode deixar apenas uma tênue cauda de detritos, conforme sugerido por Bortle.