Da Redação Avance News
Usuários do Pinterest que reúnem imagens de crianças em coleções sob os títulos “prazeres proibidos”, “pequenas garotas sexys” e afins, recebem da rede social recomendações de mais perfis que sexualizam menores de idade, segundo reportagem da emissora americana NBC News.
As fotos salvas e comentadas por um público formado majoritariamente por homens adultos retratam crianças em roupa de banho ou em que mostram a língua, por exemplo, de acordo com o canal de TV.
Após criar uma conta para acompanhar perfis de criminosos, a NBC News afirma que começou a receber do aplicativo recomendações de mais conteúdo do tipo.
Em resposta, a rede social diz ter aumentado possibilidades de denúncia e contratado mais moderadores de conteúdo.
O Pinterest é conhecido por reunir galerias de imagens para inspiração. Nos EUA, a rede social foi em 2022 o segundo aplicativo do gênero mais popular entre menores de idade, atrás somente do TikTok, conforme levantamento do aplicativo de controle parental Qustodio.
A rede social mantém uma classificação indicativa de 13 anos. Não exige, entretanto, documentos para realização de cadastro.
Após a reportagem, o Pinterest passou a permitir denúncias em novas categorias como “nudez, pornografia ou conteúdo sexualizado”, “autoagressão” e “desinformação”. Antes, a rede social recebia queixas apenas por “spam” e “imagem de capa inadequada”. Ao denunciar conteúdo com referências sexuais, o usuário pode especificar se a publicação envolve menores de idade.
A porta-voz do Pinterest, Crystal Espinosa, disse à NBC News que a empresa “tomou medidas imediatas, amplas e agressivas para desativar milhares de maus atores e quaisquer pessoas que se relacionassem com conteúdo de forma nociva”. A plataforma removeu os links com conteúdos abusivos encontrados pela NBC News.
A reportagem da Folha questionou o Pinterest via email e redes sociais, mas não teve resposta até a publicação do texto.
A rede social tem cerca de 440 milhões de usuários ativos ao redor do mundo. No Brasil, são 46 milhões e, nos EUA, 86 milhões, de acordo com dados da empresa.
O diretor da ONG Canadian Centre for Child Protection Stephen Sauer repetiu o método da NBC News e teve resultados semelhantes. “Esse material é postado inocentemente e agora é usado para atiçar o interesse sexual em crianças”, afirmou em entrevista à emissora.
De acordo com as diretrizes da comunidade do Pinterest, a rede social “não é um lugar para pornografia”. A empresa limita a distribuição ou remove conteúdos explícitos e para adultos, como os seguintes:
- Imagens de fetiche
- Descrições sexuais com riqueza de detalhes
- Representações gráficas de atividade sexual
- Imagens de nudez onde as poses, ângulos de câmera ou adereços sugiram intenção pornográfica
“Fazemos o possível para diferenciar pornografia de outro conteúdo que possa envolver nudez”, afirma a rede em suas normas. O Pinterest diz se esforçar para permitir conteúdo sobre saúde sexual, amamentação, mastectomias etc.