terça-feira, 5 novembro 2024
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Excesso de chuvas na Espanha pode impactar preço do azeite no Brasil; entenda

Foto: Reprodução

Azeite encareceu em 2024, e situação deve piorar para o consumidor em 2025

As fortes chuvas que atingem a Espanha estão colocando em risco a safra de azeite de oliva . O país é o maior produtor mundial do produto, mas sofre com um fenômeno climático chamado DANA (Depressão Isolada de Alta Altitude)

O evento climático trouxe tempestades severas, com grandes enchentes e prejuízos significativos.

Considerado o pior desastre climático do século XXI no país, o evento causou destruição, centenas de mortes e prejuízos estimados em cerca de R$ 200 milhões ao setor agrícola espanhol. Entre as regiões mais afetadas estão Valência e Andaluzia, que concentra grande parte da produção de azeite .

DANA impacta o cronograma e qualidade da produção

Apesar da umidade ser necessária para o desenvolvimento das oliveiras, a intensidade das chuvas geradas pelo DANA está atrasando o cronograma de colheita e ameaça prejudicar a qualidade do azeite. O início da safra já se apresenta como o mais baixo dos últimos cinco anos , com um estoque inicial de apenas 186.304 toneladas, segundo o Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentação da Espanha.

Álvaro Olavarría , diretor-geral da cooperativa agrícola Oleoestepa, que reúne 7.500 olivicultores, destacou a gravidade do cenário: “Estamos tensos. Apenas alguns dias de atraso poderá levar a indústria de embalagens, que atualmente só tem azeite para 30 dias, a ficar sem nada”, disse ao Globo Rural.

As Cooperativas Agro-Alimentárias da Espanha também alertam para a redução na oferta, que está 275 mil toneladas abaixo da média para o período, é insuficiente para atender a demanda global. Com as chuvas, há uma preocupação de que a produção possa cair ainda mais.

A colheita fora do tempo ideal pode comprometer a qualidade do azeite, como explica o pesquisador Enilton Coutinho , da Embrapa Clima Temperado: “A chuva excessiva durante este período aumenta a concentração de água nas azeitonas, o que impacta ainda mais a produção espanhola, pois diminui a quantidade de azeite extraído. Dá quebra de safra de azeite e, claro, contribui para o aumento do preço do produto”.

Efeitos no mercado brasileiro

O Brasil depende de importações para suprir sua demanda de azeite, que gira em torno de 100 milhões de litros anuais, enquanto a produção local é de apenas 750 mil litros. Cerca de 99% do azeite consumido no país vem do exterior, o que significa que qualquer alteração na oferta internacional pode impactar os preços.

A crise na Europa já contribuiu para uma escassez global do produto, pressionando o valor do azeite no mercado internacional. Esse fator, somado à desvalorização do real frente ao dólar, fez com que os preços disparassem no Brasil. Segundo a Horus Inteligência de Mercado, o  preço de uma embalagem de 250 ml subiu de R$ 20,03 no início de 2023 para R$ 30,33 neste ano, enquanto a de 500 ml foi de R$ 31,58 para R$ 45,17.

Dados do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mostram que o azeite de oliva teve um aumento acumulado de 14,73% em 12 meses, sendo o maior valor entre os óleos pesquisados.

Previsões de preços para os próximos anos

Renato Fernandes , presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura , acredita que os preços do azeite devem se manter elevados nos próximos anos. “Não acredito em preços muito mais altos do que os atuais, mas, infelizmente, considerando que estamos longe de atender a demanda mundial com os volumes que serão produzidos, os patamares serão mantidos”, afirmou.

Atualmente, a produção nacional de azeite está concentrada no Rio Grande do Sul e Minas Gerais, que, juntos, atendem apenas 1% da demanda interna. Com uma produtividade média de 500 litros por hectare, a produção brasileira fica distante dos 2.000 litros por hectare observados em países do Mediterrâneo, como a Espanha e Portugal.

Segundo um levantamento realizado pela Horus Inteligência de Mercado mostrou que as embalagens de azeite de 250 ml, que custavam R$ 20,03 no início de 2023 saltaram para R$ 30,33 neste ano. Já as maiores, de 500 ml, saíram de R$ 31,58 para R$ 45,17.

O Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) afirmou que o valor do azeite de oliva subiu 14,73% no acumulado de 12 meses, o maior no grupo de óleos do indicador. A alta é reflexo da quebra de safra europeia e da alta do dólar.



Fonte: iG

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