quinta-feira, 7 novembro 2024
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Lula critica pressão do mercado sobre corte de gastos:  "Age com uma certa hipocrisia"

Redação GPS

Haddad informou que as reuniões para definir as medidas foram concluídas, mas que Lula apresentará as propostas aos presidentes do Legislativo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ( PT ) criticou, nesta quarta-feira (6), a pressão do mercado por um corte de gastos públicos , afirmando que o ajuste fiscal não pode penalizar as pessoas mais vulneráveis.

A declaração foi dada em entrevista à Rede TV !, onde Lula reforçou a necessidade de um debate amplo sobre a responsabilidade do setor privado e do Congresso na contenção de despesas.

“Veja, eu não posso adiantar porque a gente ainda não concluiu o pacote. Eu tô num processo de discussão muito, muito séria com o governo porque eu conheço bem o discurso do mercado, conheço a gana especulativa do mercado. E eu, às vezes, acho que o mercado age com uma certa hipocrisia, com uma contribuição muito grande da imprensa brasileira, para tentar criar confusão na cabeça da sociedade”, afirmou Lula.

O presidente da república também cobrou a colaboração do congresso sobre a medida.

“Se eu fizer um corte de gastos para diminuir a capacidade de investimento do orçamento, a pergunta que eu faço é o seguinte: o Congresso vai aceitar reduzir as emendas de deputados e senadores para contribuir com o ajuste fiscal que eu vou fazer? Porque não é só tirar do orçamento do governo. Os empresários que vivem de subsídio do governo vão aceitar abrir mão um pouco de subsídio para a gente poder equilibrar a economia brasileira? Vão aceitar? Eu não sei se vão aceitar”, questionou.

Debate interno 

A equipe econômica do governo, liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vem discutindo a agenda de corte de gastos para adequar o orçamento ao arcabouço fiscal. 

Em declaração na última terça-feira (5), Haddad informou que as reuniões para definir as medidas foram concluídas, mas que Lula apresentará as propostas aos presidentes do Legislativo, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, antes de anunciá-las publicamente.

Nos últimos dias, o governo intensificou encontros com ministros para definir os ajustes que garantam o cumprimento do arcabouço fiscal.  O ministro da Fazenda, que adiou uma viagem à Europa para acompanhar as discussões, permaneceu no Brasil a pedido do presidente, frente ao momento de alta inflação e volatilidade do dólar .

A falta de detalhamento sobre os cortes tem gerado apreensão no mercado financeiro, impactando o valor do dólar, a Bolsa de Valores e a curva de juros futuros. 

Proposta pode ser apresentada amanhã

Fernando Haddad disse agora à noite que caso as conversas sobre a proposta ocorram até o início da tarde desta quinta-feira (7), as ações podem ser anunciadas no mesmo dia.

Segundo o ministro, faltam apenas dois detalhes jurídicos para fechar o pacote, antes de o presidente Lula tomar a decisão definitiva sobre as medidas. 

“Pacote de corte de gastos deve ser anunciado nesta semana. Eu creio que a reunião de amanhã é uma reunião que pelo nível de decisão que vai ter que ser tomada por ele [presidente Lula], são coisas realmente muito singelas para decidir”, disse o ministro. 

Haddad ressaltou que a equipe econômica e o presidente Lula reuniram-se com todos os ministérios envolvidos nas medidas: Previdência, Desenvolvimento Social, Trabalho e Emprego, Saúde e Educação.

Sem adiantar medidas, o ministro afirmou que o pacote será composto por uma proposta de emenda à Constituição e um projeto de lei complementar. Alguns pontos foram retirados porque gerariam economia pequena sobre o Orçamento. “Não adianta levantar uma proposta com uma bandeira polêmica que tenha baixo impacto fiscal”, declarou ao sair do Ministério da Fazenda.

Haddad não comentou a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a Taxa Selic (juros básicos da economia) em 0,5 ponto percentual, para 11,25% ao ano. O ministro afirmou não ter tido tempo de ler o comunicado emitido após a reunião e disse que esperará a ata, que só sairá na próxima terça-feira (12), para opinar sobre a decisão do Banco Central.



Fonte: iG

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