Da Redação Avance News
Há cerca de 60 mil anos, a costa noroeste da África sofreu enorme avalanche submarina. A princípio, em torno de 1,5 km³ de sedimentos se moveram pelo Cânion de Agadir, um dos maiores do planeta.
Os sedimentos rolaram por 450 km do cânion submarino e, conforme isso acontecia, ele cresceu cem vezes, movendo ainda 162 km³ de material. O evento foi nomeado de Bed 5.
Bed 5 não foi o que moveu mais sedimentos, mas é peculiar
- O IFLScience relembra que o Bed 5 não foi o maior deslizamento submarino;
- Já houve uns maiores, como o de Storegga, que deslocou volume 20 vezes maior que o movido durante o Bed 5;
- Contudo, há uma diferença: nesse evento na África, tudo foi movido de uma vez;
- Enquanto outras avalanches submarinas podem acontecer em estágios ou eventos conectados, o Bed 5 levou tudo de uma vez só.
“O evento Bed 5 foi um deslizamento submarino que basicamente deixou de ser uma grande massa coerente para se tornar um fluxo de sedimentos mais diluído, que se moveu para baixo através daquele cânion e, depois, para baixo através das bacias submarinas que estavam fora daquele cânion, basicamente, ao longo do fundo do mar abissal”, disse ao IFLScience o Dr. James Hunt, pesquisador do National Oceanography Centre, do Reino Unido.
A avalanche avançou com dezenas de metros de profundidade e vários quilômetros de largura, deslocando mais e mais massa. A quantidade total de sedimentos movidos seria capaz de cobrir todo o Estado da Flórida, com profundidade de um metro de lama.
A erosão externa que causou esse grande volume é uma das várias pesquisas realizadas acima do deslizamento submarino.
Hunt prosseguiu: “Em termos de como esses deslizamentos de terra acabariam se depositando no fundo do mar, há duas escolas de pensamento: uma, eles se depositam por turbulência de fluidos, ou, segundo, é como um fluxo de detritos. O que realmente vimos aqui no Bed 5 é que esses fluxos podem transitar entre os dois. Quando olhamos para a dinâmica de fluidos, mas esse processo de dinâmica de fluidos é muito fluido em si mesmo”.
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Eventos como esse não são costumeiros. Possivelmente, ocorrem uma vez a cada 50 mil anos, mas não acontecem à toa, pois exigem acumulação de sedimentos. Os pesquisadores creem que é nos períodos entre eras glaciais e degelos da Terra que eles acontecem.
Estima-se que um deslizamento tão grande assim provavelmente provoca um tsunami. Contudo, os pesquisadores não têm certeza dessa magnitude. Para modelar a magnitude do tsunami, a velocidade do deslizamento de terra é vital, bem como o volume de água em movimento.
Afinal, algo que cai na água, como uma avalanche em uma ilha vulcânica rumo ao oceano, é capaz de ter consequências maiores que um deslizamento submarino superior ao que já está sob as ondas.
“Um deslizamento de terra que vai de subaéreo, como de uma ilha vulcânica, para a água gera muito mais impulso, muito mais poder que desloca essa água. Um lado de terra como o Bed 5 já é submarino, então, ele apenas desloca a água na frente dele em vez de substituir seu volume”, afirmou Hunt.
Contudo, ainda existe muita coisa a se descobrir sobre eventos de tamanha magnitude acontecidos abaixo do oceano no passado. Como falamos, o Bed 5 não foi o evento mais poderoso desse tipo. Nas duas últimas décadas, por exemplo, cabos submarinos de telecomunicações foram danificados por conta de deslizamentos submarinos, como os ocorridos na costa de Taiwan, em 2006.
Compreender o Bed 5 e Storrega, por exemplo, tarta-se de entender os eventos pelos quais passamos atualmente.