A participação da Argentina no G20 está se tornando um obstáculo significativo para os planos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), colocando em risco a realização bem-sucedida da cúpula de líderes globais no Rio de Janeiro. A possibilidade de não haver um comunicado oficial ao final do encontro representa um revés político para Lula, que já enfrenta desafios em sua relação com o presidente argentino, Javier Milei. Sob a liderança do líder ultraliberal, a Argentina tem solicitado a reavaliação de diversos temas e recuado em seu apoio à proposta de taxação sobre os super-ricos. Essa mudança de postura sugere que o país pode bloquear acordos de forma unilateral, criando um cenário de tensão nas negociações.
Milei também tem levantado questões polêmicas, como multilateralismo, gênero, desenvolvimento sustentável e tributação de grandes fortunas. A delegação argentina tem se mostrado inflexível nas discussões, buscando vetar tópicos ou alterar a redação dos comunicados. Essa resistência é preocupante, especialmente considerando que Lula e Milei possuem visões ideológicas opostas e não há indícios de um diálogo construtivo entre eles. O presidente francês, Emmanuel Macron, se ofereceu para intermediar e tentar persuadir Milei a adotar uma postura mais colaborativa.
A Argentina está buscando remover referências a violência sexual e feminicídios do comunicado final, o que demonstra uma abordagem que prioriza o veto em vez de apresentar propostas construtivas. Essa estratégia tem gerado preocupações sobre a eficácia das negociações. Além das tensões entre Brasil e Argentina, o cenário geopolítico é complicado por uma disputa entre Estados Unidos e Rússia, além de divisões em questões financeiras e climáticas. As expectativas para os resultados das negociações são baixas.