sábado, 21 dezembro 2024
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Línguas europeias têm raízes em migrações pré-históricas de mais de cinco mil anos

Da Redação Avance News

As línguas europeias contemporâneas podem ser associadas a migrações ocorridas há aproximadamente 5,2 mil anos, de acordo com novo estudo pré-publicado no servidor de pré-impressão bioRxiv. A pesquisa explora a conexão entre a evolução das línguas indo-europeias e a ancestralidade genética de populações que viveram na Europa durante a Idade do Bronze.

A maioria dos idiomas falados na Europa pertence à família indo-europeia, que inclui as línguas românicas, germânicas, eslavas, bálticas, celtas e helênicas, entre outras. Apenas algumas exceções, como o basco, não se enquadram nessa categoria.

Relação exata entre essas migrações e a origem das línguas indo-europeias ainda é motivo de debate (Imagem: Vitalii Vodolazskyi/Shutterstock)

Migrações da Estepe Ocidental

  • A disseminação dessa ampla família linguística está intimamente ligada às migrações humanas em larga escala iniciadas há cerca de 5,2 mil anos, partindo da Estepe Ocidental – região que abrange áreas da atual Ucrânia, sul da Rússia e Cazaquistão;
  • Contudo, a relação exata entre essas migrações e a origem das línguas indo-europeias ainda é motivo de debate, particularmente no que diz respeito às línguas do sul da Europa, como italiano, espanhol, francês e grego;
  • Para investigar essa conexão, uma equipe internacional sequenciou o DNA de 314 indivíduos antigos enterrados em regiões do Mediterrâneo e adjacências, abrangendo período de 5,2 mil a 2,1 mil anos atrás;
  • Além disso, analisaram isótopos de estrôncio em 224 amostras, técnica que permite identificar origens geográficas e padrões de movimento ao comparar as proporções isotópicas em ossos e dentes com as do ambiente local.

Principais descobertas

Os resultados indicam relações claras entre ancestralidade genética e grupos linguísticos. Segundo os autores, “a chegada da ancestralidade das estepes na Espanha, França e Itália foi mediada por populações Bell Beaker da Europa Ocidental, possivelmente contribuindo para o surgimento das línguas itálica e celta. Em contraste, populações armênias e gregas adquiriram ancestralidade das estepes diretamente de grupos Yamnaya da Europa Oriental”, escreveram os autores do estudo.

Esses achados corroboram hipóteses linguísticas, como as ítalo-céltica e greco-armênia, que explicam a origem das principais línguas indo-europeias mediterrâneas da Antiguidade.

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Lacunas e complexidades

No entanto, a pesquisa não conseguiu esclarecer todas as conexões na árvore genealógica linguística. Por exemplo, a relação entre as línguas germânicas e ítalo-celtas permanece incerta. Além disso, padrões genéticos não foram uniformes em todas as regiões.

Populações dos Bálcãs, por exemplo, apresentaram herança mista derivada de culturas Bell Beaker, Yamnaya e Corded Ware. Já na Itália, grupos distintos emergiram: indivíduos do norte e centro mostraram vínculos com a linhagem Bell Beaker da França e Espanha, enquanto aqueles da costa adriática apresentaram ancestralidade Yamnaya, mais próxima dos Bálcãs e da Grécia.

Outro grupo, localizado em Olmo, na Itália, revelou ascendência predominante de fazendeiros neolíticos, anterior às migrações da Idade do Bronze.

Pessoas segurando balões de fala
Esses achados corroboram hipóteses linguísticas (Imagem: pics five/Shutterstock)

Integração de disciplinas

Os autores reconhecem que as respostas raramente são diretas ao estudar a história humana. Ainda assim, a combinação de genética, arqueologia e linguística oferece avanços significativos na compreensão do passado complexo e interconectado da humanidade.

Embora o estudo ainda aguarde revisão por pares, suas descobertas representam importante passo para desvendar as origens das divisões linguísticas europeias.



Fonte: Olhar Digital

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