“Bem amigos do Canal GB, finalmente”. Assim Galvão Bueno abriu, em tom um pouco emocionado, as transmissões do seu canal no YouTube, que marca uma nova fase na carreira do narrador que mais fez jogos da seleção brasileira na TV aberta em Copas do Mundo (foram 53).
O Canal GB, gerido pela Play9 (que tem como um dos sócios o youtuber Felipe Neto) começou as suas atividades às 18h22, ou seja, com 22 minutos de atraso, com o pré-jogo de Marrocos x Brasil. Para a transmissão, Galvão tentou se cercar de companheiros habituais dos tempos de Globo, que nem faz tanto tempo —deixou a emissora após a Copa do Qatar. Casagrande, também emocionado, estava ao lado do narrador, com o reforço de Zico nos comentários.
Amigo de longa data de Galvão, Arnaldo Cezar Coelho foi vetado pela Globo para participar como comentarista de arbitragem —Coelho é dono de uma afiliada da Globo. O ex-árbitro foi substituído pelo casal Sandro Meira Ricci e Fernanda Colombo, demitidos recentemente da global Central do Apito.
Além dos 22 minutos de atraso, a transmissão sofreu alguns desfalques. Tino Marcos apareceu para desejar boa sorte ao canal e confirmar que foi diagnosticado com dengue. A jogadora Cristiane teve problemas técnicos não solucionados durante o jogo.
Para citar um famoso meme relacionado a Tino, é possível dizer um “Galvão… sentiu” no pré-jogo. Com a voz ligeiramente falha, Galvão lembrou de seu início no rádio e na TV, para dizer que essa era a “primeira narração numa plataforma digital, e primeira é sempre a primeira. Sinto a empolgação de um menino no início da profissão”, disse. Comentou também que a voz “já não é a mesma, né”. Não, não é.
Em vários momentos, Galvão trocava “mundo digital” por “mundo virtual”, e às vezes tinha dificuldade para completar algumas frases. Chegou a reclamar com a produção (pobre João Pedro, citado mais de uma vez). “João Pedro está maluco, tá alucinado comigo”; “aqui nesse mundo virtual todo mundo fala no meu ouvido?”, chamou a atenção em outro momento. “Ninguém me deu um cronômetro”, reclamou antes do pontapé inicial. Para usar uma frase da moda, era o puro suco de Galvão.
Teve alguns momentos desnecessários, como fazer Fernanda Colombo, a única mulher na transmissão, sair e voltar vestida de entregadora do Zé Delivery, um dos patrocinadores. Ou perguntar também para o casal de ex-árbitros se “quando vocês estão na cama, falam de impedimento?”.
Durante o jogo em si, Galvão foi Galvão, para alegria de seus fãs, com os corriqueiros “autoriza o árbitro”, “quem é que sobe?”, “olha o gol” e “pra cima deles” —mas acrescido de merchandisings dos parceiros, citadas pelo próprio narrador. Também tinha a boa e velha piada de tiozão repetitiva, como “taí o goleiro Bono, que não é o Bono Vox”.
No início da transmissão, ainda teve um flagra divertido, quando a tela dividida mostrava o jogo e Galvão mexendo em vários papéis e gesticulando por não encontrar algo. Mas no restante do amistoso, a tela dividida —comum nas transmissões da Copa na Cazé TV para mostrar reação de comentaristas e narradores— foi pouco utilizada.
No YouTube, o canal de Galvão terá programas de entrevistas e entretenimento ligados ao universo de diferentes esportes, não só o futebol. Galvão e seu filho, Cacá Bueno, pentacampeão da Stock Car, devem dividir um programa sobre automobilismo, por exemplo.
Os números do primeiro dia do canal são animadores para Galvão e Play9. A quantidade de inscritos, que já era superior a 100 mil na véspera da estreia, passou de 500 mil durante a partida —Galvão mirava o 1 milhão, para ganhar uma placa de ouro do YouTube.
E o amistoso teve pico de 1,5 milhão de dispositivos conectados. Nada comparado aos 6 milhões de Brasil x Croácia, durante a Copa, na Cazé TV, canal do streamer Casimiro Miguel. Mas o suficiente para manter Galvão alegremente como um novo player no mundo virtual, quer dizer, digital.
