Seja qual tenha sido o desempenho e o resultado do amistoso de ontem da seleção brasileira contra Marrocos, não se deve criar expectativas de o interino Ramon Menezes se tornar brevemente o técnico permanente.
É uma situação diferente da de Scaloni, que fazia parte da comissão técnica da Argentina na Copa de 2018. Após o fracasso naquele Mundial, Messi e os jogadores pediram a efetivação de Scaloni.
Ramon Menezes é treinador da seleção sub-20 e poderá participar da comissão técnica do novo comandante da equipe principal.
Dizem que a contratação de Carlo Ancelotti está certa. Se for verdade, Tite deverá ser o seu primeiro contato técnico, por ter sido treinador das duas últimas Copas, pela enorme admiração que Tite tem pelo técnico italiano e porque os dois já se conhecem pessoalmente.
Ancelotti e Tite são treinadores com estilos parecidos, o que não significa que possuam a mesma eficiência. Os dois gostam de times equilibrados. São pragmáticos e não costumam mudar a equipe a cada jogo, de acordo com o adversário. Por outro lado, Ancelotti, nas inúmeras equipes que dirigiu, usou de estratégias diferentes de acordo com as características de seus atletas.
Ancelotii é um treinador de escolhas certas, capaz de tornar fácil o que é complexo. Não inventa nem complica. Se ele for confirmado, provavelmente, não usará na seleção o mesmo desenho tático do Real Madrid, pois não terá dois clássicos e excepcionais meio-campistas (Modric e Kroos) nem um centroavante armador e finalizador como Benzema.
Divagar é preciso. Quem sabe, até a Copa do Mundo de 2026, o Brasil terá dois grandes meio-campistas, de prestigio mundial, como os jovens que foram convocados por Ramon Menezes para o amistoso de ontem (Andrey, João Gomes e André).
Quem sabe, Neymar atue na seleção como faz Benzema no Real. As presenças dos pontas do time espanhol e do Brasil, Vinicius Junior e Rodrygo, que entram pelo meio para aproveitar os espaços deixados por Benzema, irão facilitar para a seleção brasileira.
Não se deve confundir, como é frequente no Brasil, a formação de um trio no meio campo, como o do Real Madrid, com um volante pelo meio e um meio-campista de cada lado, que marcam, constroem e avançam, com o trio tradicional no futebol brasileiro, com uma dupla de volantes e um meia ofensivo à frente dos dois. Esses meias-atacantes, como Paquetá, Raphael Veiga e outros, não são meio-campistas.
Além de Vinicius Junior e Rodrygo, a seleção tem Militão e Casemiro, quatro jogadores que evoluíram bastante no Real Madrid com a ajuda de Ancelotti. Casemiro que era excepcional no desarme e no posicionamento defensivo, passou a ter um ótimo passe, para frente e nas viradas de bola de um lado para o outro, além de fazer gols, em finalizações fora da área ou em cabeçadas nas bolas cruzadas. Vinicius Junior e Rodrygo não são mais apenas grandes dribladores. Entram pelo meio, finalizam bem e dão ótimos passes para gols.
Quem sabe, o Brasil forme em 2026 uma seleção muito mais forte que a de 2022? Quem sabe, os clubes brasileiros entram em acordo e construam uma forte liga para comandar o campeonato brasileiro, ótimo para todos, grandes e pequenos? Quem sabe, o Brasil se torne menos radicalizado, menos violento, menos preconceituoso e que apague a vergonha de ter metade da população sem saneamento básico, absurdo que acontece durante décadas com todos os tipos de governos? Sonhar é preciso.
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