A ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2021, Maria Ressa, defendeu em entrevista exclusiva à CNN a aprovação de leis no Brasil que regulem as plataformas digitais e punam a divulgação de fake news.
Ressa afirmou que as chamadas big tech, as grandes empresas globais de tecnologia, precisam ser responsabilizadas pela distribuição de conteúdos falsos e desinformação.
“Essas empresas são completamente imunes a qualquer tipo de responsabilização”, diz.
A vencedora do Nobel é uma jornalista filipina que ganhou notoriedade por sua militância contra a desinformação e líderes autoritários. Ela mostrou que está acompanhando as discussões sobre o projeto de lei das fake news no Congresso brasileiro.
“Eu sei que o Brasil tem suas próprias leis, que estão sendo implementadas, e houve um lobby bastante forte de todas as empresas de tecnologia (contra a PL das Fake News). Acho que precisamos ser tão insistentes quanto as big techs. Ficar parado e não implementar novas leis de segurança significa permitir que as empresas de tecnologia decidam as nossas vidas”, disse.
Ela também rebateu alegações contrárias à regulamentação do ambiente digital: “não é uma questão de liberdade de expressão. Isso é uma informação falsa lançada para impedir que os reguladores cumpram suas tarefas. São teorias malucas da conspiração”.
Cúpula do Prêmio Nobel
Ressa deu a entrevista exclusiva à CNN direto de Washington, nos Estados Unidos, onde está participando de uma cúpula organizada pela Fundação Nobel para discutir formas de combater as fake news e tentar encontrar soluções para o problema.
Além dela, outros 10 agraciados com o Prêmio Nobel participam das discussões.
Para Ressa, existem algumas soluções de longo e médio prazo para o problema –incluindo, obviamente, a implementação de novas leis regulando o mundo digital.
“A solução de longo prazo é a educação. A médio prazo, é a legislação. Mas, a curto prazo, somos apenas nós, as pessoas nas trincheiras. Você não pode simplesmente desistir porque não há lei, certo?”, disse.
Ela apresentou durante a cúpula uma lista de três pontos de ação para conter o problema das fake news.
À CNN, ela resumiu essas ações em três áreas principais que merecem atenção: fazer com que as big techs parem com o uso do que ela classificou como “vigilância das pessoas para obter lucros”; acabar com vieses incluídos nos algoritmos das companhias; e valorizar o jornalismo profissional, que ela chamou de “antídoto” contra as informações falsas.