A Assembleia Legislativa, por intermédio do deputado Júlio Campos (União Brasil), realizou na sexta-feira (26), sessão especial para homenagear a Festa do Senhor Divino e entregar 35 moção de aplausos às pessoas que contribuíram e contribuem com as festividades em Cuiabá. A festa é realizada sempre 50 dias após o domingo da Páscoa em memória ao Espírito Santo.
Em 2013, o ex-governador Silval Barbosa de Mato Grosso sancionou a Lei 9.918/2013. A proposta foi apresentada pelo ex-deputado e atual prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB). A lei institui a Festa do Senhor Divino Espirito Santo, da Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, no calendário oficial do Estado de Mato Grosso.
De acordo com Júlio Campos, autor do requerimento da sessão especial, a Festa do Senhor Divino tem profunda ligação com o passado. Segundo ele, tem origem no período imperial. Foi uma das primeiras celebrações religiosas da Igreja Matriz de Vila Real do Senhor do Bom Jesus de Cuiabá.
“O evento é um símbolo da fé e da cultura do povo mato-grossense. Essa devoção precisa ser levada à atual e às futuras gerações. Para isso, hoje, homens e mulheres estão trabalhando firmes para manter essa tradição da memória religiosa de Mato Grosso”, disse Júlio Campos.
O padre Deusdédit Monge de Almeida – da Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus – um dos homenageados com moção de aplausos – disse que o evento é secular e que é uma forma de o segmento cristão preservar e dar continuidade às tradições da fé católica. Hoje, segundo o padre, a festa promove a cultura do encontro.
“É um patrimônio religioso que precisa ser preservado às futuras gerações. A festa do senhor divino é um culto à adoração da terceira pessoa da Santíssima Trindade que é o próprio Deus, o Senhor Divino. É um grande momento da propagação cristã, com todas as simbologias cultuadas ao Senhor Divino”, disse Monge de Almeida.
Entre as pessoas homenageadas está Liomita Petrolina de Cerqueira, ela tem 90 anos de idade. Cerqueira disse que a festa a acompanha desde o seu tempo de juventude. “Faz lembrar minha meninice. A bandeira passava na porta de minha casa. Era lindo. Tocavam o hino do senhor divino, e quando menina ficava encantada com aquilo. Gostava muito de tudo isso”, disse Cerqueira.
Durante a sessão solene, o deputado Júlio Campo anunciou que a Assembleia Legislativa de Mato Grosso vai destinar cerca de R$ 2 milhões para a reforma da Paroquia Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, localizada no centro de Cuiabá.
“Além desse valor, o senador Jayme Campos, através de uma emenda parlamentar vai destinar mais R$ 4 milhões, e com o governador Mauro Mendes mais R$ 2 milhões. Valores necessários para a completa reforma da tão querida igreja Nossa Senhora do Rosário”, disse Júlio Campos.
Neste ano, o imperador e a imperatriz da festa do senhor divino são José Aparecido Santos e Cibele Bojikiam, respectivamente. Durante a sessão solene, o ex-senador Cidinho Santos disse que apesar de não ser natural de Cuiabá – nasceu no Paraná – está honrado em ser imperador de uma festa tradicional ao povo cuiabano e mato-grossense.
“Ao ouvir o hino da festa me emociono muito. Choro de ouvi-lo. É o momento de lembramos do passado: pai, mãe e parentes. Muitas pessoas ficavam na porta de suas casas esperando a procissão passar. Por isso esse é um momento muito especial para mim e minha família”, disse Cidinho Santos.
Os homenageados
A outorga de moção de aplausos foi entregue a 35 pessoas pelo reconhecimento público as contribuições realizadas à tradicional Festa do Senhor Divino em Cuiabá.
Carlos Alberto Alves Corrêa
Cibelle de Aguiar Bojikian
Daizilda Madeira da Silva
Elita Figueiredo Preza
Fatima A. de Carvalho
Flávia Gori Curvo
João Alberto Ribeiro Teixeira
Joaquim Augusto Curvo
José Aparecido Santos
José Maria de Moraes
Liomita Petrolina de Cerqueira
Luciana Falcão
Maria Adiles Moreira Roder
Maria de Lourdes Oliveira Nigro
Mauricio Magalhães Faria Neto
Neide Calmon Tenuta
Odorica Moraes de Oliveira
Pe. Deusdétit Monge de Almeida
Rose Meire Arruda
Tatiana de Barros Leão Monteiro
Valéria Bezerra Nigro
Benilda da Silva Penha
Irinildes da Silva Penha
Mariuza Benedita de Camargo Arruda
Lindalva Maria de Sales
Flávia Bortot Scardini Faria
Humberto Celestino
Mariuza Arruda
Maria Mazarelo Figueiredo Arruda
Maria Angélica Campos de Oliveira
Ivete Campos
Inês Oliveira
Patrícia Diniz dos Santos Ribeiro
Neila Curvo
Tereza Eugênia Bouret Orro
História dos Festejos
Os festejos surgiram no Brasil nos tempos coloniais, no reinado de Dom João VI. No século XVII, espalhou-se por todas as colônias portuguesas. A festa tornou-se tradicional e se cristalizou em estados como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Mato Grosso e Goiás.
Em Cuiabá, nas primeiras décadas do século 20, a cidade chegou a ter duas festas do Divino Espírito Santo: uma do bairro do Porto e outra da Catedral, com poucos dias de diferença uma da outra. Mas em meados da década de 1930, a festa foi unificada e, na memória dos cuiabanos mais antigos ainda resistem as imagens delas que aconteciam no Campo d’Ourique, com direito a touradas, local onde atualmente está sediada a Câmara Municipal de Cuiabá.