quinta-feira, 21 novembro 2024
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Driblou a morte: idoso sobrevive a três paradas cardíacas no mesmo dia e deixa hospital sem sequelas

Da Redação Avance News






O mexicano Salvador Thomassiny, de 79 anos, tem todos os motivos para considerar que nasceu de novo. Ele havia acabado de chegar ao Brasil quando sofreu uma parada cardíaca no meio do aeroporto. Aquela viria a ser a primeira de três no mesmo dia.


O turista teve o que os especialistas chamam de morte súbita abortada, que ocorre quando esse evento inesperado consegue ser revertido a tempo. É também conhecida como “quase morte súbita”. Se evoluísse para óbito, seria o chamado popularmente de infarto fulminante. 


Foi o mesmo que aconteceu com o jogador dinamarquês Christian Eriksen, em junho de 2021, no meio de um campo de futebol. 


Estima-se que menos de 10% dos pacientes que têm um infarto fulminante consigam a reversão do quadro.


“Quando falamos de parada cardíaca nas pessoas, vamos dizer assim, normais e com mais idade, geralmente, é um infarto que leva a ela. Acabou sendo o caso dele”, explica Gustavo Lencia, cardiologista do Hospital Marcelino Champagnat, diretor de atenção e promoção à saúde da SBC/PA (Sociedade Paranaense de Cardiologia) e professor da PUC Paraná e da UFPR (Universidade Federal do Paraná), que cuidou do caso.


O episódio foi apenas o início da luta de Salvador, que teve de enfrentar diversas consequências durante a internação.


“Chegando no hospital, ele teve mais dois casos de parada cardíaca entre os atendimentos e acabou indo para o cateterismo [procedimento para desobstruir o vaso que está entupido], e foi feito o tratamento. Só que, como ele já tinha mais de 40 minutos de parada cardíaca [tempo entre o aeroporto e o hospital], o manejo acaba sendo bem difícil, porque o corpo fica muito debilitado”, relata Lencia.







Em razão disso, o idoso recebeu doses altíssimas de remédios vasoativos, como dobutamina, noradrenalina e vasopressina, para manter a pressão arterial em níveis adequados.


“Ainda assim, ele entrou em falência de vários órgãos, o fígado dele entrou em falência, os rins, por conta da parada cardíaca”, complementa o cardiologista.


O comprometimento dos rins também exigiu que ele fosse submetido a hemodiálise. Após alguns dias com todos esses procedimentos, em coma induzido e entubado, ele acordou.







Apesar de não se lembrar do que aconteceu logo após a chegada ao aeroporto, a maior surpresa ainda estava por vir: ele não teve sequela depois de todo o ocorrido.


“Comecei a avaliar meu estado de saúde. Sabia que após quatro minutos de anóxia [ausência ou diminuição da oxigenação no cérebro] começa a ter danos e, [assim] como os médicos que me trataram, tive certeza de que havia tido algum dano neurológico. Mas a realidade foi outra. Estou completamente normal, sem dano neurológico; só é um pouco difícil de falar, mas acho que é por mais de uma semana de entubação”, conta Salvador do R7.


Segundo Lencia, normalmente, quando os pacientes sobrevivem a uma parada cardíaca, ficam com sequelas parecidas com as de um AVC (acidente vascular cerebral), como dificuldade para caminhar, para comer e para engolir. Alguns precisam até receber dieta diretamente no estômago ou por sonda.


“Já foi um milagre ele ter sobrevivido. […] Junto com isso, o fato de ele sair sem sequelas, sair bem, é realmente incrível”, celebra o cardiologista.




O que fazer




Uma das coisas que possibilitaram a alta sem sequelas de Salvador foi o rápido suporte que ele recebeu no aeroporto, fundamental para diminuir a chance de desenvolvimento de danos permanentes graves. 


A parada cardíaca exige um atendimento imediato, com massagem cardíaca e desfibrilador, para garantir que o coração continue mandando sangue para o corpo e, assim, que os órgãos permaneçam oxigenados, especialmente o cérebro.


Além disso, é importante saber diferenciá-la de um AVC, por exemplo.


“Para o leigo, simplesmente o fato de você chacoalhar o paciente, chamá-lo e ele não esboçar reação nenhuma, está autorizado a entender como uma parada cardíaca”, orienta Lencia.


Evitar fatores de risco, como má alimentação e tabagismo, também é essencial, principalmente entre os idosos. É imprescindível ainda o controle de outras comorbidades; por exemplo, pressão alta e diabetes.


Salvador não se enquadra em nenhum dos grupos de risco citados acima, apesar de ser considerado pré-diabético. A idade, porém, exerce influência direta.


Segundo o HCor (Hospital do Coração), em São Paulo, o infarto é mais frequente em homens acima de 55 anos e em mulheres após os 65 anos.


Apesar de estar nessa faixa etária de risco, a idade mais avançada torna a recuperação completa do mexicano um feito ainda maior.


“A chance de ele sobreviver não era das maiores em uma situação dessas”, ressalta o cardiologista.


* Estagiária do R7, sob supervisão de Fernando Mellis


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Fonte: R7

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