Da Redação Avance News
O Rio Grande do Sul é o maior produtor nacional de noz pecan. Das sete mil toneladas produzidas pelo Brasil participa com pelo menos cinco mil toneladas.
O município de Cachoeira do Sul concentra a maior área plantada da América Latina com mais de 1,2 mil hectares.
No local também ocorre a industrialização da fruta.
Uma boa parte já é exportada sem casca para países da Ásia e Europa Central.
Este é o caso da Fazenda Pecanita. O local produz há mais de 60 anos e também concentra um viveiro onde produz mudas.
“Desses anos para cá foram identificadas cultivares que melhor se adaptaram aqui dentro e foi crescendo plantio, não só aqui dentro não só do nosso pomar como em outros pomares em volta que são parceiros. Muitos não têm indústria e nós compramos a produção. Nesta safra devem ser umas 500 toneladas”, explica o diretor executivo, Claiton Wallauer.
A fazenda adota certificação IFS (International Featured Safety) é um padrão reconhecido pela GFSI (Global Food Safety Initiative) que garante que as empresas produzem os alimentos em conformidade com os padrões internacionais de segurança alimentar.
Também construiu uma estrutura para armazenar as nozes pecan em casca, com capacidade de mil toneladas. Assim vai descascando conforme a necessidade.
“Nossa meta é triplicar a linha de produção da fábrica e nos adequamos construindo algumas máquinas que precisamos no processo com tecnologia nossa”, comenta Wallauer.
China na mira
O setor da pecanicultura brasileira já reuniu toda a documentação necessária para ser habilitado para exportar para a China.
Os documentos foram entregues pelo Ministério da Agricultura, Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) aos chineses e havia expectativa que o protocolo sanitário fosse assinado durante a última visita da comitiva brasileira à Ásia, em abril, o que não aconteceu.
“Da produção mundial de 320 mil toneladas de noz pecan a China compra 45 mil. É um mercado em potencial. Por enquanto não podemos exportar. Comitivas chinesas fazem visitas a países vizinhos como Argentina que já assinou seu protocolos. Esperamos logo essa assinatura que já deveria ter saído”, destaca o presidente do Instituto Brasileiro de Pecanicultura (IBPecan), Eduardo Basso.
Durante o processo de industrialização é perdido cerca de 50% do peso da noz pecan: 50% fruto e 50% casca, em rendimentos considerados superiores.
“O que nós temos muito ainda são pomares com apenas 30% de rendimento. Por isso é tão importante acessar o mercado chinês, que compra com casca”, reforça Basso.
Com área estimada em 11 mil hectares, o Brasil está atrás dos Estados Unidos (cerca de 63 mil toneladas), México (51 mil toneladas) e África do Sul (20 mil toneladas).
Para avançar no mercado internacional o IBPecan avalia que o setor teria que expandir produção, com melhor aproveitamento e profissionalizar.
“Os Estados Unidos, por exemplo, trabalham com produtividade média de 1,6 a 2,1 mil kg/ha. Então o dever de casa que nós temos aqui é muito grande. Colhendo 800 kg/ha não tem como o produtor ganhar, não tem preço que faça o produtor aguentar. Para aumentar produtividade o que precisa? Fertilidade, poda, irrigação e controles para ter qualidade”, complementa o presidente do IBPecan.
Com acesso ao mercado chinês os produtores poderiam acessar melhores preços pelo quilo da pecan. Hoje o mercado nacional para uma média de US$ 2 o quilo e o internacional pode chegar a US$ 4 o quilo. Para o produtor o setor tem que estar preparado quando a oportunidade chegar.
“Nossa ideia é fortalecer cada vez mais esses laços, estar aberto para esse mercado e quando estiver totalmente pronto o Brasil já estar na frente em qualidade, produto e abastecimento. Hoje temos pouco produto ainda. Quem sabe a abertura de um novo mercado possa também expandir os plantios de novos pomares”, espera Wallauer.