O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender nesta sexta-feira (23) a criação de novas moedas para realizar o comércio entre países. Em discurso na Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global, em Paris, na França, Lula criticou a dependência do dólar.
“Tem gente que se assusta quando eu falo que é preciso criar novas moedas para a gente fazer comércio. Eu não sei por que Brasil e Argentina têm de fazer comércio em dólar. Por que que a gente não pode fazer nas nossas moedas? Não sei por que Brasil e China não podem fazer nas nossas moedas. Por que eu tenho que comprar dólar? Então essa é uma discussão que está na minha pauta”, declarou Lula.
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O presidente também afirmou que vai discutir o tema na reunião dos Brics em setembro – o grupo é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. “Essa discussão vai acontecer também na reunião do G-20, porque nós vamos precisar colocar mais companheiros africanos para participar do G-20”, defendeu.
Lula disse, ainda, que é preciso “parar de fazer proselitismo com recursos” internacionais e “fazer investimento em coisas estruturantes, que mudam a vida dos países”. “É por isso que estou otimista com a criação do Banco dos Brics. É por isso que estou otimista com a possibilidade de criar o Banco do Sul. É por isso que estou otimista de a gente discutir moeda de comércio”, afirmou.
Histórico
Desde o início do seu mandato, o presidente vem defendendo em diversas oportunidades a criação de moedas únicas para comércio entre países, diminuindo a dependência do dólar.
No fim de maio, em reunião com líderes de 11 nações sul-americanas
, Lula defendeu a criação de uma “unidade de referência comum para o comércio” na região.
Antes disso, em visita à China em abril, ele defendeu uma moeda comum com os Brics
. “Por que todos os países são obrigados a fazer seu comércio lastreado no dólar? Por que não o iene? Por que não o real?”, questionou na ocasião.
No início do ano, Lula já havia defendido também uma moeda comum com a Argentina
, em visita ao país vizinho. “Se dependesse de mim, o comércio exterior sempre seria feito nas moedas dos países para não depender do dólar”, disse à época.