Da Redação Avance News
O Centro Americano de Previsão do Climática (CPC-NOAA), emitiu boletim, no final da semana passada, confirmando o estabelecimento do fenômeno El Niño. Essa condição se estende por todo o período de previsão, que compreende até o trimestre de janeiro, fevereiro e março de 2024. As probabilidades são superiores a 90% a partir do trimestre junho, julho e agosto de 2023, indicando uma forte confiabilidade desse prognóstico.
Com a influência do El Nino o padrão das chuvas é alterado em todo o planeta, modulando as condições nas regiões produtoras. Análise feita pelo metereologista, Gabriel Rodrigues, do Agrotempo e pelo Agrolink, vai tentar projetar – baseada no comportamento do clima – como esses padrões de chuvas podem influenciar as principais commodities do mercado agrícola no cenário brasileiro.
As projeções também indicam a possibilidade de um El Niño de forte intensidade – com picos de temperatura +1.5°C acima da média, em alguns trimestres.
ANÁLISES – Para o milho e soja da safra 2023/24 é esperado um verão mais seco. O prognóstico serve de alerta, pois a safra necessita das chuvas de verão para atingir o pico do potencial produtivo. Mato Grosso, maior produtor nacional de grãos e fibra do país, por exemplo, inicia o cultivo da nova temporada a partir da segunda quinzena de setembro, por meio do plantio da soja. Qualquer atraso na conclusão dessa semeadura – geralmente quando afeta o plantio sequencial de algodão e de milho segunda safra.
Em períodos de El Nino, apesar de não existir uma grande correlação entre as chuvas no Brasil central, as projeções indicam um período mais seco e quente. Essa combinação de falta de chuvas e temperaturas mais elevadas, é um fator limitante para o potencial produtivo das lavouras, principalmente em relação à restrição hídrica.
Um verão mais seco pode comprometer a safra, levando a taxas de germinação mais baixas e, consequentemente, reduzindo a produtividade. “Além disso, temperaturas mais elevadas podem aumentar a evapotranspiração, o que pode agravar os efeitos da falta de chuva. Este cenário é previsto no Brasil central pegando Mato Grosso, Estado responsável por 33% da produção nacional de milho primeira safra e 26% da soja. Contudo, a boa disponibilidade hídrica pode alavancar a produção desses cultivares no Paraná e Rio Grande do Sul, responsáveis em conjunto por 20% da produção de milho e 29% da soja”, explicam.
Para algodão 2023/24, a análise chama à atenção para o fato de que Mato Grosso (72%) e Bahia (20%) são os principais produtores da fibra no Brasil, com o plantio tendo início em meados de dezembro na Bahia e janeiro em Mato Grosso.
“Portanto, o sucesso da temporada vai depender da disponibilidade de chuvas neste verão. E dado o cenário projetado, a tendência indica um período mais seco e quente, condição que aumenta a perda de água do solo e das plantas por evaporação. Além disso, temperaturas noturnas acima dos 27°C limitam a formação das gemas e a floração”.
Em relação à qualidade da fibra, o estresse por falta de água pode causar redução no comprimento da fibra e, dependendo da severidade e da fase de desenvolvimento da planta, pode contribuir para o aumento ou diminuição do índice micronaire.