A internação do ator Stênio Garcia, no último sábado (1), após receber diagnóstico de septicemia aguda (sepse), fez muitas pessoas questionarem se o quadro estaria ligado ao procedimento de harmonização facial feito pelo artista há algumas semanas
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De acordo com a clínica que fez o procedimento no ator, a infecção generalizada no sangue de Stênio nada tem a ver com a harmonização facial. Ao iG
, especialistas afirmaram que procedimentos estéticos não estão comumente ligados a quadros de septicemia aguda. Existe, no entanto, segundo os médicos, algum risco de contaminação associado às harmonizações.
O médico infectologista Fábio Gomes da Conceição, coordenador da UTI do Hospital Vergueiro, explica que a idade é um fator de risco para o desenvolvimento de sepse. Isso porque comorbidades comuns em pacientes idosos, como pressão alta, diabetes e outras doenças crônicas, tornam o organismo mais suscetível.
Já Luiz Haroldo Pereira, médico especialista em cirurgia corporal e facial e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), afirma que não há comprovação de que a harmonização possa levar à septicemia.
“Qualquer infecção na face devido a um procedimento estético seria notada imediatamente ou até 72 horas depois, já que é uma área bastante vascularizada. E, caso fosse, poderia ser tratada rapidamente com antibióticos e sem grandes problemas. Essa hipótese só seria considerada em caso de contaminação do produto aplicado ou dos instrumentos utilizados no procedimento”, afirma.
O que é septicemia
O termo septicemia não é mais usualmente utilizado, sendo chamado atualmente apenas de sepse. Essa condição é uma reação exagerada do organismo a uma infecção generalizada.
Segundo o infectologista Fábio Gomes da Conceição, a infecção surge de maneira localizada, podendo ser uma pneumonia, infecção urinária, intestinal ou, no caso de Stênio Garcia, provavelmente pela aplicação da agulha. No entanto, o processo infeccioso se espalha descontroladamente. A partir disso, as bactérias começam a liberar toxinas na corrente sanguínea, desencadeando uma reação do organismo que envia mediadores inflamatórios. Isso resulta em uma resposta exacerbada de defesa do corpo humano.
“Essa é uma reação hiperdinâmica, na qual o organismo está acelerado. O paciente apresenta aumento significativo da frequência cardíaca e respiratória, podendo ter febre alta ou hipotermia, além de queda na pressão arterial, o que impede uma correta oxigenação dos órgãos”, afirma Marcelo.
A queda na temperatura e na pressão arterial são sinais do avanço da sepse no corpo. O infectologista explica que, com a baixa pressão e a oxigenação insuficiente dos órgãos, desenvolve-se um quadro de falência múltipla dos órgãos, que geralmente é fatal.
“A sepse é considerada uma emergência infecciosa, pois a cada hora que deixamos de tratá-la adequadamente, o risco de morte do paciente aumenta significativamente. Entre a primeira e a segunda hora, por exemplo, o risco vai de 8% para 20%, e isso progride geometricamente”.
Para o tratamento da sepse, os hospitais oferecem suporte ao paciente na UTI, controle da pressão arterial, reposição de líquidos e uma terapia com antibióticos, que deve ser prescrita corretamente.
No entanto, Marcelo Neubauer afirma categoricamente que não é possível determinar de imediato se o procedimento estético realizado por Stênio Garcia foi responsável pelo quadro de sepse.
“Embora possa ser plausível, não temos como estabelecer essa ligação com as poucas informações disponíveis. O que podemos fazer é torcer por sua recuperação”, conclui o médico.