segunda-feira, 25 novembro 2024
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Entenda o que acontece com Hollywood com a greve de atores e roteiristas

Na quinta-feira (13), o Screen Actors Guild (SAG-AFTRA – Sindicato dos Atores e Federação Americana de Artistas de Televisão, em português), associação que representa mais de 160 mil profissionais do audiovisual nos Estados Unidos, incluindo seus principais atores e atrizes, entrou em greve.

É a primeira vez em 63 anos que atores e roteiristas interrompem suas atividades ao mesmo tempo. O Writers Guild of America (WGA) está em greve desde 2 de maio, maior paralisação da categoria desde 2007 (excetuando as causadas pela pandemia de Covid-19).

O esvaziamento dos sets de filmagem, campanhas de divulgação dos filmes, premiações e outros eventos do mercado de entretenimento, imposto pelo movimento, deixa Hollywood praticamente parada – neste momento, sem perspectiva de retorno.

Como Hollywood fica?

Na quinta-feira (13), o elenco de “Oppenheimer” participava da pré-estreia do filme em Londres, mas deixou o evento antes da exibição do longa-metragem para endossar a greve – inaugurada oficialmente às 00h da sexta-feira (14).

A debandada mostrou que a paralisação impacta Hollywood de várias formas. Entre as restrições dos sindicatos, além do trabalho no set de filmagens, estão a participação em qualquer evento de divulgação, material publicitário ou cerimônia de premiação envolvendo os filmes.

No anúncio do SAG-AFTRA, a presidente Fran Drescher concluiu, sob aplausos: “Vocês não existem sem nós”.

Esse fator preocupa os estúdios, já que, ao contrário dos roteiristas, os atores têm peso comercial na campanha dos lançamentos. Se nada mudar nos próximos dias, grandes estreias de julho, como “Barbie” e o próprio “Oppenheimer”, não terão suas estrelas na divulgação.

Um exemplo disso é a atriz brasileira Bruna Marquezine anunciou sua adesão à greve e a paralização na divulgação de seu filme de estreia em Hollywood, “Besouro Azul”.

Além disso, filmes em produção, casos de “Gladiador 2” e “Mortal Kombat 2”, precisaram suspender suas filmagens.

Caso a paralisação dure até setembro, o Emmy Awards, principal premiação da televisão norte-americana, pode ser adiado, comprometendo acordos comerciais já firmados.

As emissoras dos Estados Unidos anunciaram reprises e investem em reality shows para atravessar o período. Já no streaming, serviços como a Netflix e o Amazon Prime Video devem apostar ainda mais em produções de países como Coreia do Sul e Índia para alimentar seus catálogos.

Entenda a greve

Na quinta-feira (13), ao anunciar a paralisação, o líder das negociações do SAG-AFTRA, Duncan Crabtree-Ireland, disse que a decisão seguiu “quatro semanas de negociação” com a Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP), entidade que representa os produtores de cinema e televisão.

De acordo com o porta-voz, a AMPTP se recusou a oferecer um acordo justo para os atores, o que desvaloriza seu trabalho e “não reflete as mudanças recentes da indústria”.

Fran Drescher, presidente do SAG-AFTRA, classificou a greve como uma “decisão difícil”, mas unânime entre os associados. “É inaceitável esperar que o modelo de negócios mude sem que os contratos mudem também”, disse.

Uma das provas de força do movimento está na unidade das demandas. A versão dos atores sobre as negociações é compartilhada pelos roteiristas, e as duas categorias pedem, resumidamente, pagamentos que julgam mais adequados ao setor do qual fazem parte.

Quando uma produção audiovisual chegava a mercados internacionais ou era reprisada, a entrada de receita era repartida com profissionais envolvidos na obra, o que gerava pagamentos residuais aos atores e roteiristas, além da remuneração original.

Desde a popularização do streaming, a arrecadação de filmes e séries ficou menos transparente, e não gera pagamentos residuais conforme distribuição ou exibições – afinal, os serviços têm alcance global e acervos que possibilitam reprodução irrestrita.

Na equação, os estúdios e produtores continuam lucrando, mas outras categorias podem ficar fora do bolo. Por isso, as classes falam na adaptação de seus contratos.

O anúncio do SAG-AFTRA seguiu os roteiristas também sobre a inteligência artificial. Com as possibilidades de reprodução da imagem de artistas e produção de textos com essas ferramentas, as categorias alegam que seu uso pelos estúdios deve ser discutido com os profissionais – e que a AMPTP se recusa a fazê-lo.

 

Fonte: CNN

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