Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil lidera a lista dos países com a maior proporção de pessoas ansiosas
no mundo, com 9,3% da população. Além disso, ocupa a segunda posição nas Américas em relação à prevalência de depressão.
Apesar desses números preocupantes, apenas 5,1% dos brasileiros estão em tratamento
com psicoterapia, geralmente recomendada como terapia primária para questões de saúde mental. Embora 8 em cada 10 tenham se consultado com um psicólogo ou psiquiatra no último ano, a maioria dessas consultas não passou de cinco encontros.
Esses dados são resultados de uma pesquisa realizada pelo Instituto Cactus, uma entidade filantrópica dedicada ao bem-estar psíquico, em parceria com a AtlasIntel, empresa especializada em pesquisas e dados. Essas instituições criaram o Índice Instituto Cactus-Atlas de Saúde Mental (iCASM), que visa monitorar o tema no país a cada seis meses.
A pesquisa revela que dos poucos brasileiros que têm acesso à terapia, 43% começaram há menos de um ano. Além disso, os grupos mais propensos a aderir à psicoterapia são os jovens, estudantes, pessoas brancas, mulheres, com renda mais alta e maior nível de escolaridade.
Outro destaque do estudo é a diferença considerável entre a adesão à psicoterapia e o uso contínuo de medicamentos
para problemas emocionais, comportamentais ou relacionados ao uso de substâncias. Cerca de 19,1% da população, quase 1 em cada 5 brasileiros, faz uso de medicamentos, e desses, 77,7% o fazem há mais de um ano.
Os dados também apontam que o uso de medicamentos está associado a experiências de bullying, dor crônica, consumo de cigarros, brigas familiares, menor frequência de relações sexuais e baixa autoestima.
A dependência exclusiva de medicamentos é um problema no Brasil e uma tendência mundial sendo necessária abordagens multiprofissionais para o tratamento de questões de saúde mental, segundo a psicanalista Rosana Onocko, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) em entrevista ao Globo.
Além da psicoterapia e medicamentos, os dados da pesquisa mostram que 11,9% dos brasileiros buscam tratamentos alternativos para a saúde mental, como meditação, ioga e fitoterapia – mais que o dobro daqueles que aderem à psicoterapia.