Catalina Usme é a maior artilheira da seleção colombiana de futebol feminino. Além da marca, a liderança da capitã faz hoje um país inteiro sonhar com voos mais altos.
O nome “Cata” repercute em toda a Colômbia pelos gols que a atacante marcou na Copa do Mundo: o primeiro contra a Coreia do Sul, na estreia da equipe no torneio, jogo que as sul-americanas venceram por 2 a 0 — o segundo gol foi de Linda Caicedo, estrela em ascensão da seleção feminina.
Contra a Alemanha, embora não tenha marcado, mostrou por que usa a braçadeira. Antes de entrar em campo, disse às companheiras que não deveriam se intimidar diante de uma das favoritas ao título e no fim, após o triunfo por 2 a 1, afirmou que lhe importava um “c* e meio” o fato de que a rival era a forte seleção europeia.
“Somos onze contra onze, vamos bem pelo alto e também por baixo”, disse a capitã aos repórteres após a partida.
Nas oitavas de final, nesta terça-feira (8), Catalina Usme marcou o único gol da partida contra a Jamaica. Controlando com perfeição na área após cruzamento de Ana Aguilar, a camisa 11 colocou no fundo das redes e gritou o tão esperado gol. E ela gritou uma, duas, três vezes.
Usme, de 33 anos, se ajoelhou no gramado. Seu gol deu uma vitória histórica à Colômbia e a classificação a uma fase que o país nunca tinha disputado antes na Copa do Mundo Feminina.
“Chegamos para jogar sete finais, já jogamos quatro”, afirmou a atacante, que agora tem o objetivo de derrotar a Inglaterra e continuar o caminho até a final.
A maior artilheira do país
Catalina Usme nasceu em 25 de dezembro de 1989 em Marinilla, no departamento de Antioquia, que pode ser considerado um dos berços do futebol na Colômbia.
Ela sabe fazer o pivô. Também corre, pressiona rivais, faz gols. E marca tantos que já tem 52 em seu currículo com a seleção, da qual se tornou a artilheira histórica da equipe nacional. A colombiana também lidera a lista de maiores goleadoras da Libertadores Feminina com 30 gols.
Além dos tentos que marcou na Copa do Mundo de 2023, Usme marcou em 2015 na vitória por 2 a 0 sobre a França, na fase de grupos, que garantiu à Colômbia uma vaga nas oitavas de final, a melhor campanha do país em Mundiais femininos até esta edição.
Mas sua história com o futebol começa antes mesmo de ela nascer. Seu pai já comprava bolas de futebol para os filhos quando eles ainda estavam na barriga da mãe.
“Antes de eu nascer, minha mãe disse a ele ‘e se for uma menina?””, lembra Usme em entrevista à Fifa. “Meu pai disse: ‘As meninas também jogam futebol’. E no fim das contas, o que era uma brincadeirinha aconteceu mesmo.”
Mas sua história não foi fácil. Embora tenha jogado desde muito nova, a verdade é que teve de defender a sua paixão pelo futebol.
“Na infância, teve um momento que lembro muito e que me marcou. Foi quando eu disse para minha mãe que queria ser jogadora de futebol profissional. A resposta dela foi: ‘Filha, futebol feminino não existe’. E eu: ‘Como assim? Se eu jogo, tem que existir’”, diz a colombiana.
E fazer com que de fato existisse foi um desafio e tanto. Ela diz que depois de se formar na escola, conseguia empregos desde que tivesse tempo para treinar. Foi assim que começou a jogar profissionalmente, passando, entre outros clubes, por Formas Íntimas, Independiente Santa Fe e, por fim, América de Cali, onde é uma das estrelas.
Usme é uma das pioneiras do futebol profissional feminino na Colômbia e reconhece que, apesar das dificuldades para as mulheres, agora o panorama é muito diferente.
“O futebol no nosso país mudou muito. No começo, só a família estava lá e tal. Agora as pessoas vão ver o futebol feminino”, contou à Fifa. “Uma das razões pelas quais fiquei na Colômbia foi por causa disso, porque queria ver o futebol crescer no meu país”, afirma a artilheira.
Agora, além do legado dos gols, comemorados por todo um país, a capitã não hesita em guiar o seu time a uma campanha vitoriosa. “Esta equipe pode ir muito mais longe.”