terça-feira, 26 novembro 2024
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Entenda tudo o que sabemos sobre o apagão que afetou todas as regiões do Brasil

Um apagão afetou todas as regiões do Brasil na manhã desta terça-feira (15).

O Ministério de Minas e Energia (MME) informou que, até as 12h30, já foram restabelecidas 85% das cargas afetadas no Nordeste e 41% no Norte.

Veja também: Metrô, trânsito, consultas: veja impactos do apagão pelo Brasil

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Todas as capitais da região Nordeste já tiveram o suprimento de energia normalizado, segundo o MME. A situação já foi normalizada nos locais afetados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste também.

Entenda abaixo tudo o que sabemos sobre o apagão.

Como o apagão aconteceu?

O apagão começou a ser registrado nos sistemas do ONS exatamente às 8h31 no horário de Brasília – quando foi interrompido o tradicional aumento da carga do sistema elétrico. Em dez minutos, a carga do sistema elétrico brasileiro caiu 25,9%.

Dados que mede o SIN do ONS mostram que o Brasil registrava 73.484,7 MW às 8h30 no horário de Brasília em trajetória de alta – exatamente como acontece todas as manhãs. Mas, no minuto seguinte, às 8h31, a carga do sistema cai repentinamente cerca de 7%.

Apagão Gráfico ONS
Gráfico da Operador Nacional do Sistema (ONS) mostra queda no momento do apagão que atingiu o Brasil nesta terça-feira (15) / Reprodução/Operador Nacional do Sistema (ONS)

A perda de carga continua nos minutos seguintes até as 8h40, quando o sistema registra a menor carga do dia, de 54.383,7 MW.

Os dados do SIN mostram que houve, em dez minutos, perda de carga de mais de um quarto da energia do sistema. A partir das 8h41, a carga volta a subir gradativamente.

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Segundo o analista de Economia da CNN Fernando Nakagawa, o Norte foi a região que mais sofreu com o apagão, com uma queda de 83,8% da carga em pouco mais de dez minutos.

No Nordeste, a carga do sistema caiu 44,4%. No subsistema Sudeste-Centro-Oeste, a perda foi de 19% após o apagão e a queda chegou a 15,5% na região Sul – a que menos sofreu com o apagão.

Quais regiões seguem afetadas?

O Ministério de Minas e Energia informou que, até as 12h30 desta terça-feira (15), foram restabelecidas 85% das cargas afetadas no Nordeste e 41% no Norte.

Todas as capitais da região Nordeste já tiveram o suprimento de energia normalizado, segundo a pasta.

A situação já foi normalizada nos locais afetados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, diz o governo.

O vice-presidente Geraldo Alckmin disse, por volta de 12h desta terça, que a recuperação completa do sistema elétrico brasileiro deve acontecer “em poucas horas” se tudo correr bem.

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“A gente deverá, em poucas horas, se tudo correr bem, estar tudo normalizado. Aí vai se investigar a causa dessa perda de carga. Mas a ação foi rápida do Ministério de Minas e Energia, de seus técnicos, as equipes todas, e a recomposição está sendo rápida”, disse Alckmin.

O que provocou o apagão?

De acordo com o ONS, às 08h31 desta terça-feira, houve uma “ocorrência” – termo utilizado pela entidade para definir qualquer evento ou ação que leve o Sistema Interligado Nacional (SIN) a operar fora de suas condições normais.

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O SIN é um sistema de grande porte que interconecta, em uma malha de transmissão, a energia elétrica gerada em usinas hidrelétricas, termelétricas e eólicas no país. O ONS é a entidade responsável por coordenar e controlar as operações do SIN.

Esse sistema é formado por quatro “subsistemas” divididos pelas regiões do Brasil: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e Norte. O estado de Roraima é o único ainda desconectado do SIN.

Segundo o ONS, a ocorrência às 08h31 desta terça provocou a “separação elétrica” das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste.

Isso levou à “abertura das interligações entre essas regiões”. A “interligação elétrica” é como o ONS chama o conjunto de linhas de transmissão que conecta duas ou mais áreas do sistema.

Falha em Imperatriz/MA dividiu país ao meio, dizem fontes

O diretor editorial da CNN em Brasília, Daniel Rittner, apurou com técnicos do setor elétrico que a falha na interligação aconteceu em um circuito perto de Imperatriz, no Maranhão – uma falha que, na prática, dividiu o país ao meio.

No momento da ocorrência, a região Norte/Nordeste enviava grandes quantidades de energia para o subsistema Sudeste/Centro-Oeste.

Com a interligação comprometida, o subsistema Sudeste/Centro-Oeste não gerava energia suficiente para atender toda a demanda, então houve acionamento do chamado ERAC — Esquema Regional de Alívio de Carga.

Esse mecanismo, previsto nas operações do sistema elétrico, derruba automaticamente o fornecimento de energia em algumas localidades a fim de minimizar os efeitos da perda de energia.

E apesar dos subsistemas de Norte e Nordeste estarem “exportando” energia no momento da falha, não foi possível manter a continuidade das operações nessas regiões, porque era preciso desligar turbinas de usinas hidrelétricas para impedir uma sobrecarga no sistema, que também derrubaria as redes.

“Houve pelo menos 16 mil MW de interrupção de energia. O Operador, assim que identificou a situação, iniciou ação conjunta com os agentes para restabelecer a energia nas regiões”, disse o ONS.

O ONS afirmou que as causas da ocorrência – ou seja, o que provocou essa falha nas interligações dos subsistemas Norte e Nordeste com o Sul e Sudeste/Centro-Oeste – ainda estão sendo apuradas.

O vice-presidente Geraldo Alckmin disse que a investigação da causa da perda de carga no sistema será feita após a normalização completa.

Lula e ministro de Minas e Energia estavam no Paraguai no momento do apagão

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), disse nesta terça-feira (15) que está retornando ao Brasil após um apagão atingir todas as regiões do país nesta manhã.

Silveira estava com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Paraguai, para a posse de Santiago Peña, que aconteceu nesta terça. O anúncio do retorno foi feito por suas redes sociais.

“Estou providenciando o meu retorno imediato do Paraguai ao Brasil, onde acompanhava o presidente Lula na posse do novo presidente paraguaio Santiago Peña”, afirmou o ministro.

Silveira afirmou também que, desde a pane, que ocorreu às 8h31 da manhã, determinou a criação de uma “sala de situação” para lidar com o processo de retomada da energia, além de uma “rigorosa apuração das causas do incidente”.

“Desde as primeiras notícias da interrupção do abastecimento de energia em alguns estados nesta manhã, determinei o rápido reestabelecimento dos serviços, assim como a devida apuração dos motivos que levaram à queda de energia”, escreveu o ministro no Twitter.

Diante da ausência do ministro, o vice-presidente Geraldo Alckmin, presidente da República em exercício, afirmou que foi colocado a par da situação pelo secretário-executivo do MME, Efrain Pereira da Cruz.

“Conversei com Efrain e está indo bem. Estão com problemas em Imperatriz, no Maranhão, mas já estão debruçados lá sob o problema. Se não tiver fato superveniente, em poucas horas pode estar recuperada essa perda de carga”, completou o vice-presidente.

Alckmin disse que não conversou com Lula sobre o apagão: “Não [conversei]. O Ministério de Minas e Energia já estava atuando, só nos colocou a par. Mas já está praticamente superado.”

País teve 42 apagões no ano passado e 15 no primeiro semestre de 2023

O Brasil teve 42 apagões no ano passado, segundo números do Ministério de Minas e Energia (MME). Esses episódios se referem a blecautes iguais ou superiores a 100 megawatts (MW) de carga total, com pelo menos dez minutos seguidos de duração.

Entre janeiro e junho deste ano, foram outras 15 ocorrências. Os dados fazem parte dos boletins de monitoramento do sistema elétrico brasileiro, que são divulgados mensalmente pelo ministério.

De acordo com os boletins, no acúmulo de todos esses registros, houve uma interrupção de carga de 10.482 MW em 2022. Neste ano, foram 3.382 MW.

Um dos maiores episódios em 2023 ocorreu em 22 de março, na região metropolitana de Manaus, quando houve “desligamentos automáticos múltiplos” que totalizaram cerca de 500 MW.

Relembre cinco grandes apagões

O Brasil já teve alguns dos maiores blecautes do mundo, como a interrupção no fornecimento para 90 milhões de pessoas em 2009, e episódios traumáticos, como o apagão que deixou quase todo o Amapá por dez dias sem luz.

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Em 3 de novembro de 2020, a principal subestação do Amapá pegou fogo, afetando o fornecimento de energia em 13 dos 16 municípios do estado. Houve demora para o restabelecimento e caos nos serviços públicos. Quase 800 mil ficaram dez dias sem eletricidade.

Em 21 de março de 2018, todas as regiões do país foram afetadas por um apagão, que teve maior intensidade e duração no Norte e no Nordeste. Os estados de Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rondônia, Sergipe e Tocantins foram os mais prejudicados.

O blecaute ocorreu por causa de uma falha na linha de transmissão ligada à usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, que não suportou um aumento de carga. No total, 70 milhões de pessoas foram afetadas.

Uma falha em subestação localizada na divisa de Pernambuco com a Bahia deixou 47 milhões de pessoas sem luz em todo o Nordeste, à exceção do Maranhão, na noite de 3 de fevereiro de 2011. Foram várias horas de interrupção no fornecimento.

Na noite de 10 de novembro de 2009, houve falha de três linhas de transmissão provenientes da usina binacional de Itaipu. A queda brusca na demanda de energia ocasionou o desligamento automático de 20 turbinas da hidrelétrica, deixando quase 90 milhões de pessoas sem energia no Brasil e no Paraguai. Quatro estados brasileiros foram integralmente afetados. Cerca de 90% do país vizinho também ficou sem luz.

Um dos maiores blecautes da história foi registrado em 11 de março de 1999. Dez estados e o Distrito Federal ficaram sem fornecimento à noite. Ao todo, 76 milhões de pessoas foram afetadas.

Na época, o governo culpou um raio que teria atingido uma torre de distribuição em Bauru (SP). Depois, ficou comprovado que essa não era a causa. Apontou-se posteriormente a sobrecarga do sistema como motivo. Dois anos mais tarde, houve racionamento de energia em todo o país, exceto na região Sul.

Entenda o que é apagão, blecaute e racionamento de energia

Diante do ocorrido, a CNN explica as definições e as diferenças entre os conceitos que ganharam as redes sociais com a falta de energia generalizada: apagão, blecaute e racionamento de energia.

  • Apagão ou blecaute: interrupção total ou parcial do funcionamento do sistema elétrico
  • Racionamento: medida que determina a redução do consumo de energia elétrica

Apagão, ou blecaute (abrasileirado do termo em inglês black out), é a interrupção total ou parcial do funcionamento do sistema elétrico. Por conta de alguma falha na transmissão, uma determinada região do país fica sem o fornecimento de energia — ou, como se diz popularmente, sem luz. Vem daí o uso do termo.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divide as falhas no sistema elétrico em duas categorias: ocorrências e perturbações. Uma ocorrência é um evento ou ação que faz o SIN operar fora das condições normais. Perturbações, segundo a agência, são caracterizadas pelo desligamento forçado de componentes do SIN.

Racionamento, por sua vez, é uma medida imposta pelo governo que determina a redução do consumo de energia elétrica de uma parcela ou da totalidade da população, a depender do problema registrado no sistema.

Apagão no Brasil: memes tomam conta das redes sociais com deboches

Nas redes sociais, usuários brincaram com a situação desta terça-feira e fizeram memes com a falta de energia.

Veja alguns abaixo:

Publicado por Léo Lopes, da CNN



Fonte: CNN

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