O Banco Central divulgou recentemente que o real digital vai se chamar “Drex”
. O nome foi criado a partir da junção das letras ‘D’ de digital, ‘R’ de Real, ‘E’ de eletrônico e ‘X’ em referência ao Pix, serviço de transferências instantâneas. Mas a mudança será só no nome?
A moeda ainda está em fase de testes, mas, segundo o BC, entre o fim de 2024 e o início de 2025 já deve começar a ser utilizada.
O Drex
nada mais é do que a versão digital do papel moeda
, com mesmo valor, porém no ambiente digital, podendo ser convertido para qualquer outra forma de pagamento nas transações do dia a dia.
Isso tem um nome: CDBC
que significa “moeda digital do banco central” (do inglês Central Bank Digital Currency). É uma alternativa que banco centrais do mundo todo estão implementando para digitalizar a economia.
De acordo com o Banco Central, as CBDCs “podem melhorar a eficiência do mercado de pagamentos de varejo e promover a competição e a inclusão financeira para a população com pouco ou nenhum acesso a serviços bancários”.
“Não existe diferença entre o real e o Drex, sendo este apenas a representação digital da moeda física. Conforme explicado pelo BCB, o Drex poderá ser trocado por papel-moeda e vice-versa, e o acesso a ela será feito por meio de carteiras virtuais em bancos e outras instituições financeiras e de pagamento”, diz Luciana Simões, sócia da equipe de Mercado Financeiro e de Capitais do b/luz advogados.
Como vai funcionar na prática
No cotidiano, para ter acesso ao Drex, o correntista precisará realizar o que se chama de “tokenização”, que funciona assim: o cliente irá depositar, em reais, a quantia desejada em uma carteira virtual, que irá converter a moeda física em Drex.
Essas carteiras virtuais serão operadas pelos bancos ou instituições financeiras cadastradas pelo BC.
Quando o Drex estiver na conta, o usuário poderá pagar contas, fazer investimentos e até comprar bens, como carros e imóveis. Além disso, também será possível receber em Drex, inclusive benefícios sociais.
A tecnologia do Drex poderá ser utilizada para a criação de diversos negócios, trazendo muitas inovações aos serviços financeiros do país. “Poderá ser aplicado em contratos inteligentes, facilitando o momento da transação, tanto para o comprador quanto para o vendedor na negociação de imóveis, veículos e até mesmo títulos públicos, por exemplo”, acredita a especialista.
A nova funcionalidade também deve facilitar a emissão de remessas internacionais assim que outros países tirarem do papel suas CBDCs. O caminho será encurtado e, portanto, pode ficar mais barato converter real em dólar americano, iene, yuan, dólar canadense e outras.
Por ora, o Drex vem sendo testado também em investimentos de compra e venda de título público federal em parceria com o Tesouro Nacional.
Vai ter custo?
Conforme expressou Fabio Araújo, coordenador da iniciativa, o Drex terá custos para ser utilizado em serviços financeiros, mas o BC ainda não comunicou se os custos serão suportados pelos usuários, ou ficarão a cargo apenas das instituições financeiras e de pagamentos, como ocorre atualmente com o Pix.
“O Drex sempre está associado a um serviço financeiro. Então, essa prestação de serviço tem lá seu custo de operacionalização e o lucro de quem oferece esse serviço. É natural que os custos da plataforma sejam parte desse serviço”, afirmou em uma transmissão ao vivo.
Cuidado com as confusões
O Banco Central afirmou que Drex será um “primo” do Pix, mas há diferenças. O Drex é a representação digital da moeda real, enquanto o Pix é uma tecnologia de transações instantâneas que representa uma forma de realizar transações financeiras. “Uma não interfere no funcionamento da outra, pelo contrário, se complementam”.
Ela lembra ainda que o Drex não será uma criptomoeda, não terá a mesma funcionalidade do bitcoin e etherium, por exemplo, e nem terá sua cotação atrelada à demanda e oferta de mercado.
“As únicas semelhanças são que ambas são ativos digitais e utilizam-se da tecnologia blockchain”, comenta Luciana, que completa: “Ainda, diferentemente do bitcoin, o Drex tem a garantia do BCB em caso de qualquer problema que possa ocorrer com o Sistema Financeiro Nacional”.