Da Redação Avance News
Os principais fatores que estão impactando a formação de preços no mercado brasileiro de trigo são de natureza baixista: aumento na safra doméstica, cotações internacionais em declínio e enfraquecimento do dólar.
De acordo com a análise da Safras & Mercado conduzida por Elcio Bento, essa conjunção de fatores resultou em uma queda média de 35% nos preços domésticos em relação ao ano anterior, considerando as principais praças de comercialização do país.
No estado do Paraná, os moinhos estão mostrando interesse nos lotes remanescentes da safra anterior, com preços em torno de R$ 1.200 por tonelada. Quanto aos grãos da safra atual, as negociações indicam valores de compra variando entre R$ 1.050 e R$ 1.100 por tonelada.
Elcio Bento observa que os primeiros trigos colhidos nas regiões norte e oeste do estado apresentam alta qualidade. No entanto, os moinhos estão em uma posição favorável para pressionar os preços em direção ao nível de paridade de exportação.
A logística de retirada do cereal via Porto de Paranaguá encontra obstáculos devido ao volume de escoamento da safra de verão, além das dificuldades de armazenamento devido à competição com o milho safrinha. Nesse contexto, uma possível estabilização da pressão baixista só ocorreria se eventos climáticos resultassem em quebras significativas na produção, um cenário que também não é favorável aos produtores.
No Rio Grande do Sul, embora a colheita tenha começado apenas em meados de agosto, o mercado já está antecipando uma safra substancial. Dado o potencial de produção no estado do Paraná, os moinhos locais têm capacidade para atender praticamente toda a demanda interna. Isso acaba limitando as opções de escoamento interestadual para os produtores gaúchos, tornando o transporte marítimo uma saída fundamental.
Os preços de compra para a safra anterior estão em torno de R$ 1.200 por tonelada FOB no interior. Para a safra atual, as negociações estão mais mornas, com valores em torno de R$ 1.100 por tonelada. No porto de Rio Grande/RS, a indicação é de cerca de R$ 1.130 por tonelada sobre rodas, porém não há relatos de negócios concretizados.
Trigo no mercado internacional
Na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), os preços do trigo apresentaram quedas acentuadas devido ao progresso positivo na colheita de trigo de primavera nos Estados Unidos.
Essa pressão sazonal de oferta proveniente da nova safra do Hemisfério Norte tem resultado em reduções nos preços. A demanda pelo trigo dos Estados Unidos permaneceu abaixo dos níveis do ano anterior, em parte devido à oferta abundante de trigo russo nos mercados globais.
Por outro lado, fontes da Dow Jones indicam uma diminuição na demanda interna de trigo na Rússia.
s exportadores, que provavelmente estão com estoques suficientes, estão adquirindo menos do produto. Isso sugere uma possível desaceleração das exportações russas. Além disso, o alívio das preocupações em relação à colheita de trigo na Ucrânia também contribui para essa queda na demanda.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou um relatório sobre o andamento da colheita de trigo de primavera.
Até 27 de agosto, a colheita havia alcançado 54%, em linha com as expectativas do mercado. No mesmo período do ano anterior, esse número estava em 48%, enquanto a média dos últimos cinco anos é de 63%.
O USDA também forneceu dados sobre as condições das plantações de trigo de primavera nos Estados Unidos. Até 27 de agosto, aproximadamente 37% das plantações foram classificadas como em boas ou excelentes condições (em linha com as expectativas do mercado), 39% em condições regulares e 24% em condições entre ruins e muito ruins. Na semana anterior, esses números eram de 38%, 39% e 23%, respectivamente.
No fechamento do dia, os contratos para entrega de trigo em dezembro de 2023 na CBOT estavam sendo cotados a US$ 6,00 1/2 por bushel, representando uma queda de 16,50 centavos de dólar (2,67%) em relação ao fechamento anterior. Já os contratos para entrega em março de 2024 estavam sendo negociados a US$ 6,27 3/4, com uma redução de 16,25 centavos (2,52%) em relação ao fechamento anterior.