Da Redação Avance News
A primeira projeção de plantio para a safra de verão 2023/24, divulgada nesta quinta-feira (31) pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, aponta para uma elevação na área de soja, enquanto redução redução na do milho.
As principais culturas graníferas da 1ª safra paranaense 2023/24, também chamada de safra de verão, devem ocupar pouco mais de 6,2 milhões de hectares. No ciclo anterior, elas se estenderam por 6,3 milhões de hectares. A produção foi de 26,5 milhões de toneladas no ano passado e neste primeiro levantamento a projeção indica 25,4 milhões de toneladas.
Uma das justificativas é o El Niño, evento climático resultante do aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico.
Na Região Sul do País, a tendência é a intensificação de chuvas, superiores às médias históricas. Desde junho de 2019 o Brasil não registra clima característico desse fenômeno.
“Essa é a primeira leitura de um cenário possível, mas que pode se alterar quando a produção estiver a campo, mesmo porque estaremos sob o efeito do fenômeno do El Niño, com tendência de mais chuvas e menos estiagens como as que levaram boa parte de nossa produção nos últimos anos, particularmente na safra 21/22”, explicou o chefe do Deral, Marcelo Garrido.
Soja
A primeira safra da soja em 2023/24 promete ter um aumento bem pequeno na área, saindo de 5.790 mil hectares para 5.801 mil hectares. A produção tende a se reduzir em 2%, caindo de 22,4 milhões de toneladas para 21,9 milhões. “A última safra foi excepcional”, disse o agrônomo do Deral Carlos Hugo Godinho. Segundo ele, apesar do aumento, alguns produtores deixaram de plantar a oleaginosa em áreas marginais, que foram ocupadas por outras culturas, como a cana-de-açúcar, por exemplo.
Milho
No milho, a redução de área na primeira safra deve se efetivar em razão do baixo preço do produto. Nos últimos 12 meses a saca baixou de R$ 75 para R$ 45.
“Se o produtor tiver opção ele migra para outra cultura, principalmente a soja”, salientou o analista da cultura no Deral, Edmar Gervásio.
Os 379,1 mil hectares ocupados na safra anterior devem cair para 317 mil hectares.
A projeção é que se produzam 3,1 milhões de toneladas, contra 3,8 milhões de toneladas em 2022.
Em compensação, a atual safra – 2022/23 – tem estimativa de fechar em 17,8 milhões de toneladas, das quais 14 milhões da segunda safra e 3,8 milhões da primeira. Se efetivar, será a segunda maior da história no Paraná, ficando atrás somente da safra 2016/17, quando foram produzidas pouco mais de 18 milhões de toneladas.
Feijão
A tendência que se projeta para o feijão primeira safra é de redução de 3,5% em área, de 116 mil hectares para 112 mil hectares. No entanto, a produção pode se expandir em 8,5%, passando de 199 mil toneladas para 216 mil toneladas. “O feijão pode recuperar bastante a sua produtividade”, analisou o economista Methodio Groxko.
Até agora foram plantados 4% da área. Da segunda safra 2022/23 não resta mais nada a campo. Dos 288 mil hectares plantados foram retiradas 465 mil toneladas de feijão. Pelo menos 92% já foram comercializados. O preço para o feijão cores está em torno de R$ 190,00 a saca de 60 quilos, enquanto o feijão preto sai por R$ 223,00.
Trigo
A área de trigo semeada em 2023 no Paraná é de 1,41 milhão de hectares, 14% superior aos 1,23 milhão de hectares de 2022. Até agora foram colhidos 13%, gerando oferta de 488 mil toneladas.
“Desde 2008 não se colhia um volume tão alto em agosto”, destacou Carlos Hugo Godinho. Em várias safras a colheita iniciou apenas em setembro.
O volume supera inclusive a capacidade paranaense de moagem mensal, estimada em cerca de 315 mil toneladas. Com isso, houve pressão nos preços, que recuaram abaixo de R$ 60 no mercado de balcão. “São os menores valores oferecidos ao produtor desde agosto de 2020”, disse o agrônomo responsável pela cultura no Deral. A expectativa é colher 4,5 milhões de toneladas no Paraná.