O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender o combate às desigualdades, no segundo discurso que fez na cúpula de líderes do G20, neste sábado (9), em Nova Délhi, na Índia. Segundo o presidente, “o mundo desaprendeu a se indignar e normalizou o inaceitável”.
“Apesar de todos os esforços, nossa família está cada vez mais desunida. O que nos divide tem nome: é a desigualdade, e ela não para de crescer”, afirmou.
O discurso não foi transmitido nas redes sociais do governo, mas o conteúdo foi disponibilizado pelo Palácio do Planalto.
Na fala, Lula citou a desigualdade de renda e a discriminação contra mulheres, minorias raciais, pessoas LGBTQIA+ e com deficiência. “A desigualdade não é um dado da natureza. Ela é socialmente construída. Combatê-la é uma escolha que temos de fazer todos os dias”, afirmou.
“Como líderes das vinte maiores economias do mundo, é nosso papel fortalecer a capacidade do Estado de cuidar dos seus cidadãos. É preciso colocar os pobres no orçamento público. E fazer os mais ricos pagarem impostos proporcionais aos seus patrimônios”, continuou.
Lula disse ainda que, quando assumir a presidência rotativa do G20, em dezembro deste ano, pretende lançar uma “Aliança Global contra a Fome”. No entanto, o petista não deu mais detalhes sobre a proposta.
“É urgente resgatar o espírito de solidariedade que anima os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, para formularmos respostas conjuntas aos desafios econômicos do nosso tempo”, afirmou.
Primeiro discurso
No primeiro discurso que fez na cúpula, nesta madrugada, Lula cobrou dos países ricos financiamentos para o combate contra as mudanças climáticas, especialmente para os que estão em desenvolvimento.
“Desde a COP de Copenhague, os países ricos deveriam prover 100 bilhões de dólares por ano em financiamento climático novo e adicional aos países em desenvolvimento. Essa promessa nunca foi cumprida.”
“De nada adiantará o mundo rico chegar às COPs do futuro vangloriando-se das suas reduções nas emissões de carbono se as responsabilidades continuarem sendo transferidas para o Sul Global. Recursos não faltam”, afirmou o presidente brasileiro.
E acrescentou: “Ano passado, o mundo gastou 2,24 trilhões de dólares em armas. Essa montanha de dinheiro poderia estar sendo canalizada para o desenvolvimento sustentável e a ação climática”.
Participação na cúpula do G20
Lula chegou a Nova Délhi na nesta sexta-feira (8), para a 18ª edição da cúpula de chefes de Estado e governo do G20, que ocorre até este domingo (10).
Ao final da cúpula, o Brasil receberá de forma simbólica o comando rotativo do bloco. O G20 reúne representantes de 19 países e da União Europeia, nações representam cerca de 80% da economia global.
O Brasil presidirá o G20 pela primeira vez desde a criação do grupo, em 1999. O mandato irá de dezembro deste ano a novembro de 2024. O Rio de Janeiro será a sede da cúpula do grupo no próximo ano.
Também neste sábado, Lula se reuniu com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. Segundo o Palácio do Planalto, o presidente brasileiro “parabenizou Erdogan pela vitória nas eleições de maio e afirmou que deseja aprofundar a coordenação de posições com a Turquia em foros internacionais, além de reativar a Parceria Estratégica entre os dois países, especialmente na área de Defesa”.