O Ministério da Saúde tem cobrado do Conselho Federal de Medicina (CFM) a adoção de medidas contra a desinformação sobre vacinas. Um documento foi enviado ao CFM solicitando ações apoio na sensibilização sobretudo dos profissionais da área conhecidos por fomentar o “negacionismo” no que diz respeito a vacinação.
No ofício, o ministério também reforça as diretrizes do “Movimento Nacional pela Vacinação”, criado pela pasta em fevereiro com a participação de artistas e influenciadores, como forma de se opor às ações anti-vacina, que teriam aumentado no Brasil durante a pandemia de Covid-19.
Na última semana, durante posse do Conselho de Participação Social, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou a necessidade de combater a desinformação nesta área, ao citar algumas entidades que tem ajudado nesse trabalho.
“O Conselho Nacional de Saúde, mesmo durante o governo anterior, conseguiu manter esse espaço como um bastião de luta contra o negacionismo e atuou decisivamente na mobilização que uniu o Congresso Nacional e o Judiciário para garantir que as vacinas chegassem ao país”, disse.
No pedido ao Conselho de Medicina, o Ministério da Saúde segue a mesma linha. Afirma que a desinformação tem sido propagada pelos próprios profissionais de todas as áreas e que “a hesitação em vacinas tem trazido prejuízos à população”.
O documento foi assinado por Mauro Niskier, secretário-substituto da Vigilância em Saúde e Ambiente. O Ministério da Saúde também destaca que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o movimento anti-vacina como uma das dez maiores ameaças à saúde global.
Em resposta, o CFM informou que promove uma campanha informativa desde 2021, buscando sensibilizar os brasileiros em favor desse tema, incentivando a manutenção do cartão vacinal atualizado.
“A referida campanha contou com inserções em redes sociais, TVs e emissoras de rádio. Mensagens de esperança e encorajamento, como ‘A vitória contra o vírus está próxima’ e ‘Vacine-se, pois assim estará protegendo você e sua família’ foram destacadas em cards, vídeos e spots que ainda estão em circulação”, afirmou o CFM em nota.
Além disso, o Conselho ressaltou que o entendimento favorável às vacinas é compartilhado pela ampla maioria dos mais de 550 mil médicos e que posicionamentos que contrariem essa percepção podem ser considerados como exceções.
De acordo com pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) realizada em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em outubro de 2022, a taxa de vacinação infantil no Brasil sofreu uma queda brusca, caiu de 93,1% para 71,49%. Essa queda colocou o Brasil entre os dez países com a menor cobertura vacinal do mundo.
A baixa taxa de vacinação no Brasil fez com que doenças que já haviam sido erradicadas, como o sarampo, a poliomielite, a meningite, a rubéola e a difteria.