segunda-feira, 24 fevereiro 2025
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Novas nectarinas garantem oferta de fruta por mais tempo ao consumidor

Da Redação Avance News

Três novas cultivares de nectarineiras foram lançadas em conjunto para proporcionar aos produtores disponibilidade de frutas nos pomares por mais tempo. Desenvolvidas pelo Programa de Melhoramento Genético de Frutas de Caroço, liderado pela Embrapa Clima Temperado (RS), as variedades BRS Cathy, BRS Dani e BRS Janita possuem períodos de maturação que se complementam, garantindo produção do termo de outubro ao termo de dezembro. “Em universal, lançamos uma cultivar de cada vez, porque leva em média cinco anos para serem adotadas e chegarem realmente ao mercado. Mas essas foram lançadas em conjunto porque têm as características comuns de serem doces, com baixa acidez e com uma sequência na maturação”, explica a pesquisadora Maria do Carmo Bassols Raseira, uma das responsáveis pelo desenvolvimento dos materiais.

Considerando a região de Pelotas (RS), onde ocorreram as principais avaliações a campo, a maturação e consequente colheita é precoce e tem início no final de outubro ou no início de novembro no caso da BRS Cathy. Na sequência, a BRS Dani pode ser colhida a partir da segunda quinzena de novembro e a BRS Janita a partir da segunda semana de dezembro. O foco das frutas é para o mercado in natureza.

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Características das frutas e das vegetação

A BRS Cathy e a BRS Dani produzem frutas de polpa branca, com película de cor creme e cobertura majoritariamente vermelha; já a BRS Janita produz frutas de polpa amarela, com película amarelo-esverdeada e cobertura também predominantemente vermelha. As duas primeiras variedades apresentam frutos com peso médio entre 80 g e 100 g. A BRS Janita eleva essa média para entre 90 g e 110 g.

Em termos de produtividade, a BRS Cathy secção de 15 toneladas por hectare (t/ha), podendo superar 20 t/ha, dependendo da região de cultivo e do manejo do pomar. As variedades BRS Dani e BRS Janita, por sua vez, têm produtividade média em torno de 20 t/ha e também podem superar essa marca em função do contexto produtivo.

As avaliações foram realizadas por mais de quinze anos em áreas experimentais da Embrapa, em Pelotas (RS); por seis a oito anos em Bento Gonçalves (RS), pela Embrapa Uva e Vinho (RS); e em produtores parceiros dos estados do Sul e Sudeste do Brasil. A recomendação de cultivo é para as Regiões Sul e Sudeste do País. As três variedades apresentam baixa urgência de insensível, mormente a BRS Cathy (200-250 horas de insensível), o que significa que são melhores adaptadas a regiões mais quentes, onde há menor incidência de períodos frios (aquém de 7,2º C).

Diferenças entre nectarinas e pêssegos

A pesquisadora esclarece que a nectarina é uma mutação do pêssego e, portanto, pertence à mesma espécie, Prunus persica L. “Muitos pensam que ela é o intercepção de pêssego com ameixa, mas não é”, comenta. A principal diferença entre as frutas está na pele, já que a nectarina não tem pelos. A polpa da nectarina também tende a concentrar maior nível de sólidos solúveis, ou seja, costuma ter mais açúcar.

De modo universal, o cultivo de nectarina tem desenvolvido no mundo, enquanto que o do pêssego está estabilizado, embora no Brasil a nectarina ainda não seja muito popular. Os dados do IBGE mais recentes, de 2017, apontam espaço colhida de 355 hectares, com produção estimada em 4,2 milénio toneladas, em tapume de 280 estabelecimentos. O estado de Santa Catarina era o maior produtor, com 2,1 milénio toneladas colhidas, seguido pelo Rio Grande do Sul, com 605 toneladas à quadra.

BRS Cathy

Segundo dados mais recentes da Radiografia da Agropecuária Gaúcha 2023, elaborada pelo Departamento de Governança dos Sistemas Produtivos da Secretaria da Lavradio, Pecuária, Produção Sustentável e Rega (Seapi) do Rio Grande do Sul, o estado abriga hoje tapume de 60 hectares da fruta, em 74 produtores. Em 2022, o volume de produção estimado foi de 950 toneladas.

O potencial para prolongamento do cultivo de nectarinas tem relação com o volume de importações, para os pesquisadores, já que isso indicaria aumento da demanda pela fruta. Segundo informações da Secretaria de Transacção Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Transacção e Serviços (Secex/MDIC), o Brasil importou, em média, 5,2 milénio toneladas e US$ 6,5 milhões em nectarinas anualmente, considerando-se os últimos seis anos.

Tendência do cultivo de nectarineiras em confrontação com pessegueiro

De conciliação com o pesquisador da espaço de socioeconomia rústico da Embrapa Clima Temperado Luiz Clóvis Belarmino, a tendência nos principais países produtores de pêssegos do Poente, principalmente Espanha, tem sido uma mudança no tipo de produção e comercialização. Segundo o site Fructidor, que reúne informações internacionais sobre frutas e vegetais, o prolongamento naquele país foi de 63% na produção de nectarinas em 2023 em relação ao ano anterior (que não atingiu safra plena).

Somando os principais países produtores na Europa em 2023 (Itália, Grécia, Espanha e França), foram colhidas 3,3 milhões de toneladas de frutas da espécie Prunus persica, classificadas em nectarinas (39%), pêssegos tradicionais (30%), pávias (20%) e pêssegos achatados (10%). Com relação à nectarina, foram produzidas 1,3 milhão de toneladas, o que representou prolongamento de 16% com relação ao ano anterior.

Segundo o IBGE, o Brasil colheu 208.823 toneladas de pêssegos em 2022. “A diversificação já está acontecendo lá fora e a tendência é que essa mudança ocorra por cá. O nosso horizonte será repetir os hábitos de consumo norte-americanos e dos países europeus exportadores, uma vez que a Espanha”, completa o pesquisador.



Fonte: Canal Rural

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