Da Redação Avance News
Aos 96 anos de idade, o rabi de capoeira Felipe Santiago, de Santo Amaro da Purificação (BA), não para de trovar. Nem fica longe do berimbau. Ele é o rabi mais macróbio do mundo. Nesta semana, durante o 5º Rede Capoeira, recebeu um reconhecimento simbólico porquê “herói vernáculo e guardião dos saberes” junto a outros 13 mestres octagenários.Em março, Felipe homenageado com o título de doutor honoris motivo pela Universidade Federalista do Recôncavo Baiano. O {homem}, que começou a trabalhar garoto porquê cortador de cana e, depois, explorado em usinas, se aposentou porquê ferreiro. Mas foi a capoeira que lhe deu esperança viu vidas serem transformadas. “Capoeira é meu remédio”, diz.
Para ele, inclusive, a capoeira combateu historicamente o racismo. “Ajudou a gerar saudação e união”, afirma. Ele explica que policiais perseguiam quem praticava a atividade em embarcações. “Aos poucos, quando chegou aos bairros, foi sendo menos pior. Foi passando para as pontas de rua e depois para o meio. Isso mostra que ela vem tendo mais saudação.”
“O coração da minha vida”
As homenagens recentes emocionam o {homem}. “É uma grande valorização que estão me dando. A capoeira é o coração da minha vida”. Ele recorda que começou na atividade com 18 anos e nunca parou. “Para mim, mesmo que eu não jogue, eu toco e quina. Estou abrindo a minha mente, o meu coração. Estou me sentindo feliz no meio dos meus irmãos.”
O Rabino Felipe, que gravou oito discos com músicas de capoeira, identifica que a sintoma artística ajudou a entender o saudação que se deve ter com mais velhos e também com os mais novos. “Na minha juventude, os jovens eram muito educados e respeitadores”. Ele testemunha que ele e outros mestres evitaram que jovens em vulnerabilidade acabassem no caminho do delito e do vício.
Ele lamenta que a voz e a rapidez de movimentos não são mais os mesmos. Mas foi a vida na roda com os amigos que lhe garantiram a vitalidade de hoje. “Tem que saber se cuidar e não fazer muita imprudência com a saúde. A sustento antes era melhor.”
No entender do rabi, a atividade não tem idade para principiar nem limite de parar.
Biografia
A história do rabi Felipe foi contada pela filha de geração, Simone Souza, de 52 anos. Ela deve lançar na semana que vem a biografia com o título “Rabino Felipe: Eu Nasci em Santo Amaro, Relatos Biográficos e Memórias”, em uma produção independente.
O livro trata, por exemplo, do pretérito da família de vidas escravizadas, mesmo depois da Lei do Ventre Livre. Felipe perdeu os pais na puberdade e se viu sozinho. “A capoeira foi fundamental para ele [para se integrar com outras pessoas]. Ele não teve filhos biológicos, conheceu a mãe [já falecida], se apaixonou. E eu convivo porquê filha dele há 33 anos e ajudo no que precisar”. Simone ajuda a publicar a obra do rabi e tirar as histórias dele da invisibilidade.
Resistência
Para o capoeirista Jair Oliveira, o rabi Sabiá, de 52 anos, que coordenou o evento em Salvador de reconhecimento aos idosos, Felipe de Santo Amaro é uma referência de vida. “Todo mundo que vai ao Recôncavo Baiano sabe do rabi e ele precisa ser reconhecido em vida. Precisamos entender o racismo estrutural que acaba inviabilizando esses homens de tanto saber, e devemos agradecer em vida todo esse legado porque pavimenta a estrada na qual hoje caminhamos.”
Sabiá entende que faz segmento da tradição da comunidade capoeirista ajudar nos cuidados dos mais velhos. “Eu acho que a sociedade porquê um todo tem que trazer um olhar mais honesto para a capoeira, com mais transparência do que ela representa, do que ela significa. A capoeira é um movimento de resistência muito significativo.”
Ele cita que a capoeira chega a ser mais reconhecida internacionalmente do que no Brasil e lembra que há muitas escolas públicas estrangeiras que incluem a atividade porquê material curricular. “A atividade representa arte, originalidade, improviso, manobra físico. É uma magnífico utensílio de ensino e de visão social.”
Mandinga
Sabiá explica que a roda de capoeira tem caráter de coletividade e liberalidade simbolizada por pessoas batendo palma em um cenário de inclusão e de socialização. O rabi, há 22 anos, fundou uma ONG chamada Projeto Mandinga, que é um ponto de cultura. Ele contabiliza que pelo menos cinco milénio jovens em situação de vulnerabilidade tenham pretérito pelo projeto.
“Vários meninos vieram de comunidades e em risco. Hoje já temos mais de 22 escolas fora do Brasil. Através da capoeira, trouxeram honra à sua moradia, possibilidades e criaram uma novidade perspectiva tanto para ele quanto para a sua família”. Ele viu a formação dos futuros mestres que ensinam capoeira mundo afora também em comunidades.
“Homens porquê o rabi Felipe praticaram a capoeira porquê uma resistência cultural diante de tudo o que acontecia em suas vidas. Hoje, precisamos entender que pode ser uma utensílio de inserção social”. Para ele, parece simples: o berimbau, uma roda, movimentos coordenados, bastante improviso e o poder das palmas que dá para ouvir de longe.