Da Redação Avance News
O casal proprietário de um berçário e hotel infantil em Sorriso foi indiciado pela Polícia Civil por crimes de tortura e castigo, ameaça, maus-tratos e omissão perante a tortura. Ambos seguem presos preventivamente.
Segundo a delegada Jéssica Assis, do Núcleo de Atendimento à Mulher, Criança e Idoso da Delegacia de Sorriso, o casal teria cometido maus-tratos, tortura mediante castigo e omissão contra oito crianças de zero a cinco anos atendidas pelo berçário e hotel infantil. A investigação descobriu que o casal torturava as crianças explicitamente, com a intenção de que poderia fazê-lo impunemente por anos, sem que nenhuma ação fosse tomada.
Durante o inquérito, a Polícia Civil ouviu nove ex-funcionários do estabelecimento, que corroboraram as denúncias feitas pelos pais das vítimas e ainda as ameaças feitas pelos donos do berçário.
Testemunhas e uma das vítimas informaram a existência de um “cantinho do pensamento”, que consistia em um corredor escuro que dava acesso ao quarto da hóspede, onde ela trancava as crianças que se comportavam mal e as aguardavam sozinhas por até duas horas.
Os relatos incluem tapas nas nádegas e na boca, mordidas, puxões, golpes com raquetes, empurrões e beliscões contra vítimas. A proprietária da creche imputava as agressões a outras crianças quando questionada pelos pais, alegando que os atos serviam para disciplinar as crianças.
A Polícia Civil descobriu ainda que o casal cometeu diversos atos de tortura, incluindo amarrar um bebê de um ano de idade a um toco com um cinto e deixá-lo debaixo do sol por horas até chorar e adormecer sentado. Em outra ocasião, uma criança do sexo feminino, com quase dois anos de idade, sofreu violência quando foi imobilizada para que parasse de chorar. A investigada colocou o joelho no peito da criança como tentativa de fazê-la parar de chorar, na presença de várias crianças da creche. Um depoente ouvido na delegacia relatou que, em uma das situações, a dona do berçário jogou água com uma mangueira no rosto de um bebê.
O casal segue preso preventivamente em unidades prisionais da região Norte do estado e o inquérito foi concluído e encaminhado nesta segunda-feira (24.04) ao Poder Judiciário.