terça-feira, fevereiro 25, 2025
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Educação indígena mantém conhecimentos ancestrais, diz professor

Na fronteira do Brasil com a Venezuela, em uma superfície de murado de 9,6 milhões de hectares e perímetro de 3.370 quilômetros, a Terreno Indígena (TI) Yanomami também abriga uma outra etnia, os ye’kwana.

Há muitos anos, esses povos vivem em uma superfície que inclui os rios Medeewaadi (Cuara), Fadaawa (Paragua), Dinhaku (Orinoco) e Fadiime (Uraricoera). Na Venezuela são murado de 5 milénio indígenas. Já do lado brasílico, segundo dados da Secretaria de Saúde Indígena (Siasi/Sesai, 2019), são 760 pessoas vivendo em três aldeias principais: Fuduuwaadunnha e Kudaatannha, na região de Auaris, e Wachannha, às margens do Rio Uraricoera.

Além de lutarem hoje contra o mina que atinge principalmente a comunidade Wachannha e o Rio Uraricoera, os ye’kwana aprenderam que a manutenção do território passa também pela ensino. Uma ensino indígena pensada e desenvolvida também por eles.

O indígena ye’kwana Reinaldo Wadeyuna Rocha aprendeu cedo a ler. “Comecei a ser alfabetizado junto com a professora Jandira, que era missionária”, conta. E nunca mais parou de estudar. Mas sempre se questionou uma vez que podia conciliar a ensino dos homens brancos à ensino indígena. “Eu vi os professores e alguns colegas que também estavam trabalhando uma vez que voluntário. E eu me interessei também. Por que que eu não faço isso aí?“.

Reinaldo resolveu portanto ser professor. Fez magistério e anos depois ingressou na Universidade Federalista de Roraima, que há 30 anos oferece, no Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena, os  cursos de licenciatura cultural indígena, gestão territorial Indígena e Saúde Coletiva Indígena.

Ele voltou para sua localidade e hoje é professor da escola sítio. Segundo ele, 80% dos indígenas ye’kwana estão alfabetizados. “Não é somente os professores. Conjunto, a comunidade inteira. Tem que ter envolvido nisso aí pra ter resultado. E isso que nós construímos também. Quase nós levamos cinco, sete anos para ter esse projeto político-pedagógico.”

De congraçamento com dados do Recenseamento Indígena 2022, o Brasil tem hoje 178,3 milénio escolas de ensino indispensável. Segundo as informações, um percentual de 1,9% (3.541) fica em terreno indígena e 2% (3.597) oferecem ensino indígena por meio das redes de ensino.

Depois da graduação, Reinaldo seguiu os estudos e concluiu o mestrado pela Universidade Federalista de Minas Gerais. Hoje desenvolve um projeto, junto com o sociólogo e professor da Universidade Federalista de Roraima Daniel Bampi, para ampliar a ensino indígena para outros povos a partir da experiência ye’kwana. “Eles têm um histórico já bastante velho de ensino, de ensino escolar muito avançada, um índice de escolarização altíssimo, já com professores formados em licenciatura. Eles mesmos procuraram o processo de formação com a experiência que eles tinham na Venezuela”, conta Daniel Bampi. 

Bampi conta que a universidade desenvolve há 11 anos um projeto de ensino com os ye’kwana e que agora o programa será ampliado com os sanöma, um subgrupo da etnia Yanomami. “Trata da gestão territorial indígena tomando uma vez que base para o desenvolvimento de ações nesse campo a formação escolar dos jovens. A escola é uma instituição de fronteira e na atualidade ganhou muito espaço na formação dos indígenas, juntamente com suas formas tradicionais de ensino. Neste sentido tem grande potencial para tratar das questões que implicam na vida atual das populações indígenas em seus territórios, formando a novas gerações, por isso precisa ser profundamente territorializada.”

Ele explica que o projeto não é exclusivamente para o ensino indispensável. “Para os ye’kwana que já estão com as escolas consolidadas, a proposta é erigir uma formação em nível médio concomitante com um técnico na gestão do território. Os sanöma contam com um processo de escolarização bastante inicial, portanto o foco será proferir as necessidades territoriais com o ensino fundamental.”

Para Reinaldo, é mais do que ensino indígena. É uma forma de manter os conhecimentos dos sábios, os acchudi edhaamo na língua ye’kwana, vivos para as novas gerações. “Nossa ancestralidade deixou só na memória. É isso que alguns professores pesquisadores ye’kuana fizeram. Colocaram anotações. Falta só propalar, assim, desenvolver mais. Material didático, falando nossas culturas, nosso território. Sempre mantendo a nossa linguagem, nossas culturas, e nossos ritos, conhecimentos tradicionais. Tem que ser mantido. Para ter esse exemplo para outros povos também”, conclui.



Fonte: Agência Brasil

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