terça-feira, 22 outubro 2024
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Memorial da Resistência resgata histórias sobre a imprensa feminista

Da Redação Avance News

O Memorial da Resistência, na capital paulista, realizou neste sábado (3) uma roda de conversa com mulheres que desafiaram a repressão no período da ditadura instaurada com o golpe militar de 1964, no Brasil. Elas se impuseram através da prelo e ao responder papéis de gênero impostos e o autoritarismo instalado no país.

Entre essas mulheres, estava Lia Katz que, no término dos anos 60, militava em resguardo da democracia e que chegou à “panelinha das comunicadoras” quando começou a participar, juntamente com a amiga Rita D. Luca, de reuniões do movimento feminista, em São Paulo.

Os encontros se fortaleceram em 1975, quando foi comemorado o Ano Internacional da Mulher, com a realização da primeira edição da Conferência Mundial da Mulher, que teve porquê lema “Paridade, Desenvolvimento e Silêncio”. Na prelo feminista, o destaque eram os jornais Nós Mulheres, Mulherio  e o Brasil Mulher.

O ano de 1975 marcou o retorno de Lia ao Brasil – ela viveu em exílio na França durante cinco anos – e  também aquele em que nasceu sua filha. Na Europa, ela fez faculdade e levantou o complemento do “dinheirinho” que seus pais mandavam, suficiente para a vida sem luxo de estudante, fazendo bicos para intelectuais brasileiros, porquê a transcrição de fitas. 

O tempo de exílio, pontua ela, serviu para “poder rever o que estava acontecendo no Brasil”. “Porque a luta armada estava sendo esfacelada, todo mundo sendo recluso, morto. Eu pude fazer a sátira do que estava acontecendo, para voltar com uma consciência mais elaborada”, emenda.

O alerta de que havia agentes da repressão em seu rastro acendeu cedo para ela, que tinha somente 17 anos quando deixou tudo para trás. Foi simples o gesto que a colocou sob a mira: a direção da organização clandestina em que atuava com o namorado caiu e, com isso, o par emprestou o apartamento para que os membros pudessem realizar uma reunião. Ainda não tinha sequer terminado o colegial e viu seus amigos serem presos. “A gente não ficou tanto tempo recluso porque era muito jovem ainda”, relatou Lia em entrevista exclusiva à Filial Brasil.

Segundo ela, havia, porquê ainda há hoje, uma fileira de companheiros homens que não se importava com as pautas de resguardo dos direitos das mulheres. Essa parcela sustentava que os movimentos deveriam focar em luta social, na implementação do socialismo e na cultura democrática.

“Eu não tinha vínculo com o feminismo até frequentar esses grupos e permanecer prenha”, comenta Lia, que acabou virando escritora de livros infantis.

Porquê nas redações dos jornais feministas quem dava as cartas eram elas e não eles, saíam pautas e matérias sobre o recta a vagas em creches e os perrengues diários das mulheres trabalhadoras. “A gente ia à periferia fazer material, não estava só o clubinho”, observa.

Hoje, faria dissemelhante. “Tem algumas matérias que entrevistam mulheres negras, mas é muito tímido, incipiente. Nosso grupo tinha talvez uma mulher negra. O racismo estrutural não era discutido nessa idade. Por exemplo, hoje em dia, se faz feminismos plurais. Tinha também o grupo de mulheres lésbicas, que acabou compondo com todos os grupos”, lembra. 

Nenhum texto era assinado e era um sufoco manter a publicação em pé, pois ninguém tinha moeda. Até a cantora Elis Regina chegou a patrocinar números dos jornais. 

Perguntada sobre porquê se dava a increpação sobre o teor, Lia diz que não se recorda muito. Uma memória, porém, remanesce, de quando usaram o espaço da redação do jornal Versus, um porão. “[A censura] Não era porquê no Estadão, com receita na primeira página”, afirma.

Fonte: Agência Brasil

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