Moradores de rua
Estamos vivendo um daqueles momentos expansão urbana acelerada em São Paulo. Posteriormente décadas repetindo a fórmula de residenciais para famílias, as incorporadoras repentinamente descobrem que a sociedade mudou.
Da cobiçada segunda vaga na garagem ao imóvel sem nenhuma vaga, mas com bicicletaria e rooftop (laje da cobertura) para o uso coletivo, com um restaurante ou uma liceu de ginastica. A regra é ter espaços de convívio amplos e iluminados.
Essa mudança traz um novo personagem, o Sapiens smartphone: um humano que desde cedo aprende a viver com seu celular diuturnamente ligado e só se comunica por app.
Essa pessoa tem um pouco de minimalista, mas só uma pincelada. Pode passar meses viajando com uma mala ultraleve – 15 kg de roupas – e uma bolsa de mão com celular, notebook e carregadores de bateria. Papel? No supremo um moleskine.
Eles moram em estúdios (antes chamados quitinetes) que são um único envolvente, de, no supremo 30 metros quadrados, das quais vértice da sofisticação é ter um mezzanino, onde fica a leito.
Vivendo fora de lar a maior secção do tempo, nessa período da vida não precisam de mais do que isso.
Mas e se, durante o dia, entre um Uber e outro, precisarem usar o banheiro? Cá não é Novidade Yorque que tem 3.200 banheiros públicos. Temos um totalidade de 10 (dez) banheiros na cidade, a maioria FECHADOS. Você mesmo pode conferir neste link
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Essa falta de zelo com coisas básicas se estende aos bebedouros. Enquanto as maiores cidades do mundo estimulam seus cidadãos a utilizarem copos reutilizáveis (porquê o copo Stanley, muito comentado); no Brasil, só temos a garrafa descartável de PET, zero ecológica.
Existem aplicativos que indicam os melhores banheiros que podem ser utilizados, próximo da sua localização. Mas são poucos banheiros, todos privados e com diferentes restrições de uso.
São Paulo precisa de uma rede de banheiros públicos digna, que atenda a todos os cidadãos sejam homens, mulheres, LGBTQIA+ ou mesmo Sapiens Smartphones (graçola).
Esse ‘qualquer’ inclui os idosos, as pessoas com deficiência (PCD), pessoas com urgências gastrointestinais ou menstruais. E os sem-teto, tema sempre tão polêmico, dada sua suposta proximidade com os crackeiros.
Crack é uma droga cercada de mitos e ignorância. E seus usuários sofrem com esse estigma. Existe tratamento e não é pior que outras drogas. Se quiserem saber mais, leiam Carl Hart, “Um preço muito cimo”.
Sem-teto existem por toda a cidade. Normalmente sobrevivem da coleta de papel, metal ou vidro. Alguns têm residência na periferia, mas muito longe e face de acessar. Viver nas ruas é forrar tempo de moeda. Boa secção deles têm qualquer diagnóstico de problema mental.
Eles normalmente estabelecem relações com os varejistas e supermercadista e passam a utilizar os banheiros desses estabelecimentos. Uns poucos têm banheiros em seus estacionamentos, longe dos acessos do público. Mas isso não é uma solução viável para o conjunto da população.
É discriminação? Acho que sim, mas pelo menos a população da rua tem chegada a um banheiro limpo (+/-) e funcional. Os banheiros são atribuição da zeladoria da cidade, responsabilidade da Prefeitura.
Envolta na campanha de reeleição do atual prefeito, a Prefeitura sonha com a licença dos banheiros públicos a alguém que resolva o objecto, em troca de espaço para marketing. Ou seja, deseja que alguém faça o que é sua obrigação dizendo que é um favor. Será que a equipe do prefeito sabe o que é marketing do dedo?
Cabe a prefeitura apresentar um projecto evidente para banheiros e bebedouros públicos. E sem a musiquinha: “O que São Paulo quer a prefeitura faz …”; melhor nem comentar.