Pablo PORCIUNCULA
O regulador de concorrência do Uruguai informou, nesta terça-feira (21), que negou à multinacional brasileira Minerva autorização para comprar três frigoríficos de sua rival Marfrig, o que lhe daria o controle de metade dos abates de bovinos no país.
“Nega-se a solicitação de autorização para a operação de concentração econômica projetada entre Minerva e Marfrig”, indicou a Comissão de Promoção e Defesa da Concorrência (Coprodeco), um órgão de três membros vinculado ao Ministério de Economia e Finanças do Uruguai.
Segundo a resolução, a decisão foi tomada “por unanimidade” por contar com “elementos probatórios suficientes” de que o negócio atenta contra a livre concorrência no comércio.
“A operação daria lugar à criação de uma posição dominante e a um mercado altamente concentrado, no que uma só empresa disporia […] de poder de mercado e da aptidão para limitar, distorcer ou reduzir substancialmente a concorrência, existindo, além disso, barreiras à entrada de novos competidores”, assinala o texto.
A Minerva Foods, o maior exportador de carne bovina de América, anunciou em agosto do ano passado a compra de 16 plantas de sua rival Marfrig Global Foods: 11 no Brasil, uma na Argentina, uma no Chile e três no Uruguai.
A transação, avaliada em mais de 1,5 bilhão de dólares (R$ 7,65 bilhões), deveria ser aprovada pelos reguladores de concorrência de cada país.
No Uruguai, a Coprodeco recebeu a proposta em 1º de novembro do ano passado. Em fevereiro, requereu informação adicional às partes e a terceiros e, finalmente, neste 20 de maio, resolveu rejeitar o pedido de aquisição.
A Minerva, que opera no Uruguai desde 2011, pretendia adquirir três frigoríficos (Estabelecimentos Colonia, La Caballada e Inaler) da também multinacional brasileira Marfrig. As três plantas se somariam às quatro que a Minerva já tem no país (PUL, Frigorífico Carrasco, Frigorífico Canelones e BPU).
“Minerva e Marfrig hoje representam 26,5% [cada um] do abate de gado bovino do Uruguai”, assinala a resolução citando dados oficiais, ao apontar que, se a operação de compra tivesse recebido a luz verde da Coprodeco, teria se configurado a posição dominante da Minerva.
Ao negócio se opunham as associações de produtores rurais, a união de vendedores de carne, a liga de defesa do consumidor e agências do governo, como o Instituto Nacional de Carnes (Inac). O movimento “Un solo Uruguay”, surgido em 2017 diante da perda de postos de trabalho por fechamentos de estabelecimentos agropecuários, também se posicionou contrário à aquisição.