“Criança é igual no mundo inteiro. O que a Mônica, o Cascão e o Cebolinha fazem nas histórias, alguma criança está fazendo também. Há uma identificação muito clara e permanente”, diz Mauricio de Sousa à CNN, diretamente de Tóquio, no Japão, para onde viajou com o objetivo de expandir as histórias da Turma da Mônica pela Ásia.
Ao mesmo tempo em que concorre a uma vaga na Academia Brasileira de Letras (ABL), o autor e cartunista comemora os 60 anos das aventuras dos amigos do bairro do Limoeiro, que completaram no último mês de março.
E, para além de ter marcado gerações e gerações de famílias brasileiras ao longo deste período, a Turma da Mônica também se caracterizou por evoluir histórias e causos junto com a sociedade.
“Eu tive 10 filhos, então eu me acostumei muito e aprendi muito com eles. Eu aprendo muito com crianças. Esse convívio me inspira muito e nos deixa felizes com os resultados, tanto que milhões de crianças, algumas até crescidas, aprenderam a ler com a Turma da Mônica, então tudo isso me ajuda a ter mais vontade de espalhar a turminha para mais idiomas, mais países”, explica ele.
É partindo desse princípio que Mauricio de Sousa pensa no futuro de seus personagens mais conhecidos.
Turmas da Mônica adulta e idosa
Com uma legião de fãs das mais variadas idades, a Turma da Mônica evoluiu para alcançar públicos mais velhos, como o lançamento das histórias em formato mangá da “Turma da Mônica Jovem”, que ganhará adaptação para o cinema.
Agora, ele diz que está nos planos a criação de outras fases da turma, como a adulta e a idosa.
“É um assunto que está me tirando o sono. Eu estou planejando uma [história da] Turma da Mônica adulta e, conforme o caso, eu também vou criar uma Turma da Mônica idosa. Por que não? Muitos idosos de hoje já leram a turminha, lembram das histórias e contam para os netinhos”, afirmou.
O cartunista ainda adiantou que os planos para essa “nova fase” seria retratar as histórias com novos causos, reflexões, ou como o ele próprio define, uma turma “alegre e otimista”.
“As histórias ainda estão no forno e estamos sendo muito cuidadosos, porque sabemos que vamos tratar de um povo muito sensível. E eu quero realmente que a Turma da Mônica idosa seja alegre, otimista, e traga histórias novas, ideias interessantes”, relatou.
“As pessoas com mais idade viveram mais e gostam de contar causos. Minha avó Dita, por exemplo, contava toda noite pra mim uma historinha, e também para as crianças da rua”, conta.
Ao ser questionado se poderia liberar algum spoiler sobre a nova turma, Mauricio, em tom de brincadeira, disse quem está curioso “vai ficar curioso por mais algum tempo”.
Inclusão e diversidade
Seguindo o mesmo pensamento de acompanhar a evolução do leitor, Mauricio de Sousa abordou também, nestas décadas, a diversidade na Turma da Mônica, seja nas histórias ou na inclusão de personagens. É o caso de Dorinha, uma deficiente visual inspirada em Dorina Nowill, ou Jeremias, negro.
Para criar esses e outros personagens, o criador da Turma diz se inspirar nas pessoas que ele mesmo conheceu.
“Escrevo as histórias com base nas coisas que eu via. No começo, por exemplo, me lembrei de muitos amigos e alguns dos coleguinhas que tinha em Mogi das Cruzes [na Grande São Paulo]. Tinha um menino lá que tinha o cabelo espetado e trocava o R pelo L, e sempre do lado dele, tinha outro que não tomava muito banho, não. Depois vieram meu filhos, e todos viraram personagem. Eu aprendi com a criançada”, disse.
Afinal, segundo o próprio define, “a Turma da Mônica é universal”.