Da Redação Avance News
Nos últimos quatro meses, o setor da pecuária vive em situação de alerta pelas baixas dos números. De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), as exportações de carne bovina e a média diária de abate recuaram neste período. Com esse cenário, é preciso que o produtor fique atento a tudo que é cíclico – e que traz certa previsibilidade.
Francisco Manzi, superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), explica que o grande desafio do pecuarista é não ser um formador de preço.
“Quando o produtor vai comprar algo nas lojas agropecuárias, ele pergunta quanto é. E quando vai vender, pergunta para a indústria por quanto ela pode pagar. Nós tivemos uma retenção muito grande de fêmeas e com isso teve uma grande oferta de bezerros, caindo o preço, mandando mais vacas ao frigorífico. Com isso, as escalas ficam cheias e o preço da arroba cai. Ficar atento ao ciclo é a melhor alternativa para se precaver”, explica.
Alguns pecuaristas comentam que já esperavam esse contexto de queda nos preços. O produtor Amarildo Merotti diz que “essa dificuldade” também é decorrente da mudança. “A gente não esperava que fosse tão agudo como está sendo. O grande problema nosso, eu to vendo que é mercado interno. Se você olhar que o porco e o frango em função do milho, em função da comida que trata os animais tá caindo e o boi acaba acompanhando isso”, comenta.
Ele ainda explica que quando os consumidores vão ao mercado e veem o preço de frango a R$ 6,00, não vão comprar uma carne de R$ 40,00. “É mais ou menos por aí. Então, esse mercado interno tem pressionado os preços para baixo. Os frigoríficos estão com dificuldades nesse sentido. Acaba, às vezes, a indústria se aproveitando da situação, só que, nós também temos que ser profissionais, e achar saídas para isso”, afirma.
Alternativas mercadológicas
Avaliar e sondar a gestão da propriedade é uma das alternativas para não perder lucros nas propriedades. É o que afirma o consultor técnico da Acrimat, Amado Oliveira.
“Nós temos que pensar nos termos financeiros, o que fazer para manter a produtividade, não deixar cair e não fazer investimentos que vençam a curto prazo. Nós sabemos que esse ciclo vai passar e que não vai demorar, mas neste momento ainda temos grandes problemas. Essa situação não depende só do Brasil, ou só de Mato Grosso, depende do mundo. Enquanto a China e os Estados Unidos não resolverem o seu problema econômico e financeiro nós vamos ter problemas na nossa economia”, conclui.
Os mercados internacionais em queda, o abate acima da média de fêmeas e a redução das exportações são fatores que influenciam para que o setor enfrente essas dificuldades. O fim do embargo chinês ainda não teve reflexos sobre a cadeia da proteína animal e isso tem preocupado os pecuaristas mato-grossenses.
“Com essa queda, sem a bolsa dar condição da gente fazer trava do boi, nós estamos amargando com um prejuízo bastante razoável. Então nesse ano, nesses 60 dias aí, a gente tem amargado bastante. Essa queda dessa bolsa na última semana, de praticamente 10% em 3, 4 dias, é uma coisa que não tem muita explicação. Mas é real e está acontecendo, e isso só potencializa as dificuldades que temos no setor. Agora, nós também não podemos entregar a rapadura, nós somos guerreiros, o Brasil é um país firme, produtor e eu acredito numa melhora”, explica Merotti.
Conforme o boletim semanal do Imea, as exportações de carne bovina recuaram 16,4% em abril de 2023 ante março. Em anos anteriores, o 1º quadrimestre era responsável por cerca de 30% do volume anual, contudo, os embarques de 2023 apresentaram recuo de 8,42% na comparação com o mesmo período de 2022.
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