terça-feira, fevereiro 25, 2025
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Alice Pereira compartilha em quadrinhos "pequenas felicidades trans"

Da Redação Avance News

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Em um livro, por meio de quadrinhos, Alice Pereira conta a história da própria transição de gênero. Com ilustrações e texto, ela compartilha as maiores dificuldades e medos e também as alegrias de se tornar quem é verdadeiramente. “Senti susto toda a minha vida, enquanto me reprimia. Depois que me libertei, parei de sentir susto. E não vai ser agora que vou voltar. Vamos seguir resistindo, vivendo nossas vidas e contando nossas histórias”, diz um trecho do livro Pequenas Felicidades Trans.

Alice Pereira é ilustradora, quadrinista e atualmente trabalha também com animação. Os quadrinhos estão na sua vida desde cedo. “Eu sempre gostei, acho que aprendi a ler com quadrinho. Só que eu nunca achei que eu tinha capacidade para fazer um. Você cria muito aquele mito de as pessoas terem o dom para fazer as coisas. E isso não é verdade. A gente aprende a fazer as coisas. A gente aprende a encaminhar, a gente aprende a tocar instrumentos. A gente aprende a traçar também”, diz.

Foi pelos quadrinhos que ela compartilhou o que estava vivendo e sentindo durante a transição. Além de sentir a premência de ver mais histórias de pessoas trans escritas por pessoas trans, ela queria uma forma de responder às pessoas, que lhe faziam as mesmas perguntas. “Eu comecei a explicar isso por meio dos quadrinhos.”

Rio de Janeiro (RJ) 26/01/2024 – A ilustradora Alice Pereira usa os quadrinhos para contar a história da sua transição de gênero.
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Rio de Janeiro (RJ) 26/01/2024 – A ilustradora Alice Pereira usa os quadrinhos para contar a história da sua transição de gênero.
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Alice Pereira é ilustradora, quadrinista e trabalha também com animação – Joédson Alves/Sucursal Brasil

Alice compartilha os maiores medos: a solidão, o julgamento das pessoas, ser expulsa de moradia, ser agredida na rua. Mas também traz o que ela labareda de pequenas felicidades trans, uma vez que “transpor a primeira vez na rua é um marco. Você acha que nunca vai ter coragem, mas quando consegue, é uma libertação muito grande”, diz no livro.

Ela também compartilha o que gostou e o que não gostou de ouvir até portanto, por exemplo, não gostou quando questionavam se ela tinha certeza que era trans. Ela insere no livro uma seção somente de comentários e perguntas desagradáveis para não serem feitas a pessoas trans e um vocabulário com alguns termos LGBTQIA+.

“Eu conheço pessoas que são trans e trabalham com quadrinhos, mas, de todas que eu conheço, eu não sei reportar uma que esteja no mainstream [corrente dominante ou convencional] . Elas são todas alternativas. A gente tem muita dificuldade de furar a nossa bolha. A gente acaba ficando restrita porque não está nas principais editoras, não está sendo mostrada. A gente depende muito de feiras ou de redes sociais”, diz.

Além do livro em que compartilha a própria história, Alice escreveu outros quadrinhos, uma vez que A Travessia, uma ficção científica na qual um astronauta solitário procura planetas com recursos naturais quando, próximo a um buraco preto, encontra uma misteriosa viajante que muda sua vida. Para ela, é fundamental que pessoas trans tenham espaço nas artes não somente para tratarem da própria história, mas dos mais diversos temas.

“Eu não preciso grafar uma história que tenha a ver com a minha vivência trans, eu preciso grafar histórias e que essas histórias sejam lidas, que cheguem ao público”, defende. “Essa pluralidade é importante até para tornar uma pluralidade em termos de temas, de temáticas e de pontos de vista”, acrescenta.

Alice defende que haja incentivos, sobretudo públicos, para a produção artística de pessoas trans. Além de gerar empregos, uma vez que o produzir filmes, ou livros, por exemplo, demanda mão de obra de diversos setores, a divulgação para a sociedade faz com que as pessoas trans sejam mais conhecidas e consequentemente mais aceitas.

“Eu acho que precisa de, talvez, alguma coisa mais vinda do poder público para aumentar essa pluralidade em todos os meios, porque também é a melhor forma de diminuir o preconceito, diminuir a violência. Quanto mais a gente está incluída, mais as pessoas veem a gente de uma forma normal, né? Com mais empatia”, diz.

Para marcar a visibilidade trans, cuja data é 29 de janeiro, a Sucursal Brasil publica histórias de cinco artistas trans na série Transformando a Arte, que segue até o dia 31 de janeiro.

Fonte: Agência Brasil

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