Amigos e pessoas próximas à Raquel Cattani, filha do deputado estadual Gilberto Cattani (PL), prestaram depoimentos à Polícia Civil, que revelaram agressões, brigas e ciúme excessivo no relacionamento entre a vítima e o ex-marido dela, Romero Xavier, acusado de mandar matá-la, em julho deste ano, em Nova Mutum (a 269 km de Cuiabá). Ele não aceitava o fim do casamento. Trechos dos depoimentos foram publicados pelo g1, que teve acesso aos documentos.
Em um dos episódios relatado por uma testemunha, que não quis ter a identidade divulgada, o casal saiu um dia para comer um lanche e teve um desentendimento. Raquel foi abandonada na estrada. “Ela andou de 3 a 4km para chegar em casa. Outra vez ele deu um empurrão contra a porta, que o braço dela ficou roxo”, relatou.
Raquel foi encontrada morta no dia 19 de julho na casa onde morava, no assentamento Pontal do Marape, zona rural de Nova Mutum (a 264 km de Cuiabá). Ela foi morta com 34 facadas. O ex-marido dela, Romero Xavier e o irmão dele, Rodrigo Xavier, foram presos suspeito do crime. Romero não aceitava o fim do relacionamento.
Em outro depoimento, amigos relatavam ver em almoços e reuniões sociais a conduta possessiva de Romero em relação à companheira. “A gente via ele [Romero] pegando no braço dela, empurrando ela para o lado para que ninguém a cumprimentasse. Era um ciúme doentio e possessivo”, disse a testemunha.
Manipulação emocional
De acordo com os depoimento da amiga de Raquel, Andressa Boiarski, Romero chegou a ameaçar tirar a própria vida após o término do relacionamento deles, um mês antes do assassinato. “Hoje a gente entende que ele nunca tentou se matar, era só pra torturar ela. Quando ela ia tentar separar, aconteciam essas coisas”, disse.
Raquel e Romero estavam juntos há nove anos e tinham dois filhos, um menino de 6 anos e uma menina de 3 anos. Os relatos apontam que a vítima era constantemente agredida fisicamente e psicologicamente pelo ex-marido, o que teria motivado o término. Segundo os amigos, a jovem temia que algo pudesse acontecer com ela, mas nunca detalhava os problemas que aconteciam entre eles.
No dia em que o corpo de Raquel foi encontrado, Romero foi até o local e prestou solidariedade à família. Ele chegou chorar ao lado do caixão da vítima no velório. Segundo a Polícia Civil, toda a comoção não passava de uma farsa, já que ele é apontado como o mandante do homicídio. Confome a investigação, Romero planejou o crime e o irmão, Roberto Xavier, executou. Os dois teriam montado uma cena na residência para que fizesse parecer que seria um crime patrimonial.