Um
ambiente que foi concebido para proporcionar alegria, diversão e
prazer transformado por populares em um local de horror e destruição.
Cercas rasgadas ou arrancadas, bancos quebrados, pias despedaçadas e
janelas estilhaçadas em banheiros desmantelados e com paredes
pichadas são a paisagem vista em diversos pontos do município que
tem sido alvo de vandalismo. São praças, quadras de esporte e
academias a céu aberto que estão à disposição dos munícipes e
que muitos, em vez de aproveitarem, utilizam esses lugares para
extravasar agressividade sabe-se lá por que motivo.
Somados,
esses espaços totalizam 68 áreas de lazer, conforme detalha a
secretária de Esporte e Lazer, Chirlei Daiane da Silva: “Existia
um anseio muito grande da população por essas áreas, para que
pudessem usufruir de momentos de lazer e práticas desportivas nesses
lugares. Então, a Gestão não mediu esforços e construiu mais 43
ambientes com essa finalidade e reformou os 25 já existentes. E
ainda estão sendo elaborados mais alguns projetos, além de outros
já estarem em construção”.
Contudo,
apesar da dedicação da Administração Municipal para oferecer o
melhor aos moradores da cidade, o acolhimento a essas estruturas tem
sido hostil por parte de alguns, segundo a titular da Secretaria
Municipal de Esporte e Lazer (Smel). “Estamos passando por um
momento crítico e de muita preocupação por causa do alto índice
de vandalismo praticado nesses locais. Muitas vezes ouvimos
reclamações devido ao fechamento dessas áreas. Porém, se faz
necessário diante da problemática hoje enfrentada”, desabafa
Chirlei.
Ousados,
os vândalos não têm limites e não se contentam com o
quebra-quebra. Eles ainda retiram peças do local. “Além dos atos
de vandalismo, são corriqueiros crimes como furto de fiação,
iluminação e itens em geral”, relata a secretária, que completa:
“Podemos afirmar com toda a certeza que 90 por cento das
manutenções feitas em aparelhos, brinquedos e demais equipamentos
são ocasionadas pela depredação intencional e somente dez por
cento por desgaste natural”. Ao todo, neste primeiro trimestre, de
acordo com a gestora, já foram feitos mais de 250 reparos em várias
áreas de lazer da cidade.
Vila
Operária, Celina Bezerra, Marechal Rondon, Jardim Iguassu, Alfredo
de Castro, Vila Mineira, Jardim Gramado – que, por sinal, foi
recém-inaugurado –, além do campo do miniestádio Mané Garrincha
sãio alguns locais onde foram registrados prejuízos, fruto da
violência praticada por determinados indivíduos. Chirlei observa
que, apesar da quebradeira acontecer predominantemente à noite, ela
também ocorre nos outros horários.
“Só
para citar um exemplo do que vem acontecendo, a praça do Jardim
Gramado, que era um pedido da população e foi entregue com louvor,
sendo o único espaço municipal que possui campo com grama
sintética, em pouco mais de um mês da sua inauguração passou por
três manutenções, pois já estava com gradis danificados, lixo
acumulado, cadeado quebrado e fios furtados”, lamenta a gestora.
Essas áreas, em geral, ficam sob a responsabilidade dos presidentes
dos bairros, que se encarregam de fechá-las às 22h. No caso do
Jardim Gramado, a secretária conta o desfecho da situação: “Na
semana passada, o presidente de lá foi até a Secretaria de Esportes
e entregou as chaves do lugar, argumentando que não ficaria mais
encarregado do espaço, uma vez que a comunidade local não
colaborava para mantê-lo limpo e bem cuidado”.
Esse
comportamento revela um contrassenso, já que, dessa forma, o povo
joga fora o próprio dinheiro que pagou nos impostos e que foi
investido em um ambiente organizado especialmente para seu usufruto,
conforme lembra a titular da Smel: “O prejuízo maior com o
vandalismo e a falta de zelo nesses espaços é da própria
população, que deixa de ter, de forma gratuita, locais para lazer e
prática de esportes”. Ela ainda avalia: “As pessoas precisam se
conscientizar de que, se preservados, os recursos empregados para dar
manutenção e fazer reparos serão revertidos em outras melhorias
para o município, tornando a cidade cada vez melhor para se viver”.
Para
contornar essa situação e sensibilizar todos sobre a importância
de conservar esses ambientes, a Smel traçou alguns planos de ação.
Nos bairros em que não há presidente para fechar as áreas de lazer
às 22h e que, por isso, elas atingem maiores índices de depredação,
há, agora, vigias fazendo a fiscalização do local. Outro eixo de
atuação vai acontecer em conjunto com a Secretaria Municipal de
Educação (Semed) que, ao transmitir conceitos sobre preservação e
cuidados desses lugares, ensinam os alunos que serão, em casa,
multiplicadores desse aprendizado com os pais. “Estamos traçando
com a Semed um plano para realizar um programa de conscientização
de crianças e adolescentes sobre o valor de cuidar do patrimônio
público, mostrando-lhes a importância desses espaços para cada
cidadão e a necessidade de preservá-los”, compartilha Chirlei.
Também está sendo desenvolvido um levantamento dos principais
pontos de Rondonópolis para receberem a instalação de câmeras de
monitoramento.
“Se
cada cidadão recolher seu próprio lixo, por exemplo, teremos locais
limpos e harmoniosos”, pondera a titular da Smel, que, ainda,
indica: “Aqueles que virem alguém vandalizando essas áreas devem
denunciar à Ouvidoria do Município. É interessante que, se
possível, façam filmagens. Garantimos o anonimato ao denunciante”.
Localizada
no térreo do Paço Municipal, que fica na Avenida Duque de Caxias
1.00, Vila Aurora, a Ouvidoria funciona de segunda a sexta-feira, das
12h às 18h. Outras formas de denunciar são pelo telefone 3411-3549,
pelo WhatsApp 9 8438-0857 e pelo e.mail
[email protected].