Da Redação Avance News
Com base em resultados de pesquisa da Embrapa Amazônia Ocidental (AM) em parceria com Embrapa Roraima, cientistas recomendam o período de 24 meses para o vazio sanitário de bananeiras para a recomposição de áreas de terra firme afetadas pela murcha-bacteriana ou moko da bananeira.
A doença é causada pela bactéria Ralstonia solanacearum raça 2, uma praga quarentenária presente sob controle oficial, que se encontra disseminada no Amapá, Amazonas, Roraima, Pará, Pernambuco, Rondônia e Sergipe.
O moko é uma das doenças mais destrutivas das bananeiras cultivadas em áreas de várzea da região amazônica, onde as inundações anuais são o ponto crucial para disseminação da bactéria, pois as águas das enchentes disseminam o patógeno ao longo dos rios, contaminando todos os plantios à jusante do bananal afetado.
Nos municípios de Tabatinga e Manicoré, no Amazonas, por exemplo, os plantios são afetados pela doença, pois estão estabelecidos nas áreas de várzea da calha do Alto Solimões e do Rio Madeira, respectivamente. Nesse caso, a erradicação do mal é praticamente impossível, pois todos os anos as áreas são inundadas e as águas das enchentes disseminam a bactéria.
Nas áreas de terra firme, a bactéria se comporta como um patógeno transeunte do solo, pois sobrevive nesse ambiente por tempo limitado. Ela não resiste na ausência de resíduos da planta hospedeira e tampouco produz endósporos, que são estruturas de resistência que garantem a sua sobrevivência sob condições de estresse ambiental. Após o vazio sanitário de dois anos, pode-se plantar novamente bananeiras de mudas sadias no local.
Não há cultivares resistentes, e o controle químico também não funciona, porque a doença é vascular, informam pesquisadores da Embrapa.
“Em áreas de terra firme, a doença só ocorre quando os produtores utilizam, no plantio, mudas contaminadas oriundas das várzeas. A bactéria é disseminada por contato das raízes entre as plantas e, em poucos meses, causa a morte de todo o plantio”, explica o pesquisador Luadir Gasparotto.
Como a disseminação de R. solanacearum raça 2 para as áreas de terra firme é antrópica (causada por ação humana), ela pode ser evitada com medidas de exclusão, ou seja, plantio de mudas sadias, desinfestação de máquinas e implementos utilizados no bananal doente e proibição do trânsito desordenado de veículos, de pessoas e de caixas usadas para transporte das bananas entre os plantios.
Segundo a pesquisa, as medidas de erradicação apresentam bons resultados em plantios de banana em terra firme, mas, para recomendar a erradicação, foi importante definir o período de sobrevivência da bactéria no solo.
Para a erradicação da doença, é importante que todas as bananeiras sejam mortas. Os pesquisadores recomendam que não se deixe nenhuma planta viva. Após a morte de todas as bananeiras, é recomendável que a área seja cultivada com outras culturas, como mandioca, abacaxi, mamão e milho, durante pelo menos 24 meses.
Nesse período, todos os resíduos orgânicos do bananal serão decompostos. Após o vazio sanitário, sem bananeiras, durante 24 meses, a mesma área poderá ser estabelecida com novo plantio dessa planta, mas com mudas de procedência conhecida livre de moko.
*Sob supervisão de Luis Roberto Toledo
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