A Bolsa começa o dia em alta nesta quinta-feira (23), depois da decisão do BC (Banco Central) de manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano.
A manutenção já era esperada pelo mercado, mas o comunicado divulgado pela autoridade monetária agradou os economistas, que citam uma postura dura, mas que ao mesmo tempo não fecha portas a um possível corte da Selic nos próximos meses.
Às 10h50 (horário de Brasília), o Ibovespa subia 0,42%, a 100.647 pontos. O dólar comercial à vista também registrava alta, de 0,30%, a R$ 5,252.
No mercado de juros, as taxas estão em alta, com os investidores revisando suas expectativas para a Selic no curto prazo. No vencimento para janeiro de 2024, a taxa avançava de 13,02% no fechamento desta quarta-feira (22) para 13,21. Para janeiro de 2025, a taxa subia de 12,05% para 12,24%. No vencimento em janeiro de 2027, os juros passavam de 12,31% para 12,47%.
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central não cedeu à pressão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para redução dos juros e manteve nesta quarta-feira (22) a taxa básica (Selic) em 13,75% ao ano.
Sem adotar um tom mais brando, como esperavam alguns analistas, a autoridade monetária não deu sinais de que pretende antecipar o corte da taxa —mantendo inclusive a mensagem sobre a possibilidade de voltar a elevá-la caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.
“Na minha visão, o BC foi na contramão das expectativas de agentes de mercado mais otimistas, que esperavam um tom mais leve e até mesmo uma eventual antecipação de corte de juros para o curto prazo”, afirma Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), criticou a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de manter a taxa de juros no patamar atual de 13,75% ao ano e disse considerar “muito preocupante” o tom do comunicado do Banco Central.
Para Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos, o BC sinaliza que manterá a sua política enquanto a inflação estiver em patamares acima da meta.
“Por ora, mantemos nossa projeção de estabilidade da Selic em 13,75% até o final do ano. Reconhecemos, entretanto, a possibilidade de cortes mais cedo, a depender da evolução dos choques financeiros e da evolução da economia brasileira”, afirma a economista da Rico.
Raone Costa, economista-chefe da Alphatree, afirma que os modelos do BC mostram que a inflação deve se manter acima da meta até o terceiro trimestre de 2024.
“A única chance de corte de juros seria uma deterioração da economia global, por conta da crise do sistema financeiro. No momento, não é o cenário mais provável. O comunicado do BC aumenta inclusive a chance de novas altas nos juros”, diz Costa.
Nicola Tingas, economista chefe da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito Financiamento e Investimento) tem uma visão diferente sobre o futuro da trajetória da Selic.
“Meu cenário básico é de queda dos juros na reunião de maio ou na de junho. O BC admite que pode revisar e fazer ajustes na política monetária se houver mudanças no ambiente. Estamos vendo uma inadimplência crescente no crédito, e as empresas não conseguem ter acesso ao mercado de capitais. O BC deve estar atento a isso”, diz Tingas.
Nesta quinta-feira, foi divulgado um dado importante no âmbito fiscal. A arrecadação federal de impostos cresceu 1,28% em termos reais em fevereiro sobre o mesmo mês do ano passado, somando R$ 158,9 bilhões, informou a Receita Federal nesta quinta-feira.
No primeiro bimestre de 2023, a arrecadação totalizou R$ 410,7 bilhões, uma alta de 1,19% sobre os dois primeiros meses de 2022, já descontada a variação da inflação.
Em Nova York, os índices de ações estão em alta, recuperando parte das perdas registradas nesta quarta-feira, após as declarações de Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano).
Destaque para as empresas de tecnologia, com o índice Nasdaq subindo 1,32% às 10h50 (horário de Brasília). Dow Jones e S&P 500 avançavam 0,67% e 0,84%, respectivamente.